Vivemos num mundo onde o corpo
perfeito é cultuado. Esse culto é propagado por mensagens constantes, a todo
momento e em todos os lugares. Estão presentes na conversa entre amigos e
parentes e na mídia através dos comerciais de produtos específicos.
E as
pessoas tem se esforçado muito para consegui-lo. Um esforço que nem sempre é
por desejos próprios, mas por veladas cobranças sociais.um esforço que, muitas
vezes, resultam em mutilações e adoecimentos.
Esse culto atinge a prática
sexual na medida em que as pessoas passam a acreditar que sexo só é direito de
pessoas jovens, bonitas e que gozem de boa saúde. Assim, os homens procuram nas
mulheres
reais
as mulheres dos seus sonhos: louras, magras, lindas de rosto e de corpo
escultural. Não é diferente com as mulheres que também procuram “o príncipe encantado”:
homens de tórax musculoso, barriga lisa, pernas e braços bem torneados, nádegas
bem feitas. Os padrões estéticos e sexuais parecem ser as únicas qualidades que
importam.
Infelizmente, nem todo mundo se
incluem nesses padrões. No entanto, possuem qualidades (caráter, a fidelidade, o
respeito, a compreensão, o companheirismo), que acabam esquecidas na busca de
parceiros amorosos quando guiados por esses padrões.
Em se tratando de deficientes
intelectuais tudo piora, porque muitos deles trazem os estigmas de sua deficiência.
Essas marcas parecem ser mais evidentes que a própria deficiência.
Para as pessoas que se
preocupam com os padrões estéticos, os deficientes intelectuais não despertam
desejos e fantasias sexuais. Aliás, acreditam que os deficientes intelectuais
são incapazes de desfrutar da própria sexualidade, de satisfazer-se e proporcionar
a satisfação do parceiro.
A situação piora ainda mais se o deficiente
intelectual necessitar de algum tipo de ajuda por apresentar uma parte do corpo
que não funcione adequadamente. Quem crê que os padrões estéticos são
importantes consideram degradante, deplorável e pouco erótico os contatos e os vínculos
amorosos com pessoas deficientes. Para elas, os deficientes intelectuais são
pessoas infelizes, incapazes, sem valor e dignos de piedade. Acreditam que as relações
de afetividade, de sexualidade e das práticas sexuais ficam prejudicadas.
Quem segue uma ideologia
preconceituosa como esta é mais digno de piedade. Essas pessoas tem o direito
que não quererem se relacionar com pessoas deficientes. Mas não podem impedir
que outras pessoas o façam, nem devem fazer os deficientes acreditarem que
estão impossibilitados de viver a vida na sua plenitude, pois independente da
forma como pensam, a vida sexual entre os deficientes acontece de forma natural,
igualzinho a todo mundo.
O mais chocante é que muitos
pensadores desta ideologia estão no próprio seio familiar. Poucos acreditam na
possibilidade de um não deficiente se apaixonar, desejar manter um vínculo marital
estável com o membro familiar deficiente e enfrentar os desafios e dificuldades
decorrentes dessa decisão. Mesmo quando aceitam o namoro e a prática sexual,
compreendendo e tentando aproximá-los de uma condição normal de vida, o preconceito
se evidencia quando sentem que os padrões de normalidade estão sendo transgredidos
e desrespeitados.