OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

segunda-feira, 23 de março de 2015

A ORIGEM DOS MITOS SOBRE A SEXUALIDADE (II)


Mas, aos poucos as coisas foram mudando. Os grupos familiares fincaram raízes num determinado espaço de terra. A taxa de natalidade aumentou consideravelmente facilitando a mão de obra na lavoura. Se antes cabia ao homem ser apenas pai e provedor de alimentos, agora, a figura masculina passa a ser mais valorizada. A propriedade precisa ser protegida e defendida com a formação de exércitos.


A formação do povo hebreu tem participação importantíssima neste momento histórico e na mudança do pensamento sobre a sexualidade. O povo hebreu tinha no patriarcado a base familiar, onde a palavra do pai era lei. Os hebreus acreditavam que Deus havia destinado o sexo apenas para a procriação e, por isso, as relações sexuais eram bem aceitas. Era bom e sábio ter muitos filhos, pois tornava o homem feliz. O aborto era considerado crime, pois estaria sendo negado ao homem o direito de ser pai e perpetuar-se através do filho.


Uma família numerosa garantia a existência do povo e a sobrevivência da tribo. Porém, os filhos eram bem vindos e vangloriados, enquanto as filhas eram marginalizadas e discriminadas. Os hebreus achavam que o nascimento de meninas trazia prejuízo, porque quando se casavam o pai tinha que dar um dote ao marido.
                                                            Visão do Olimpo

Outra influencia muito forte foi a do povo grego. A base familiar grega também era patriarcal, mas em uma cultura de muitos deuses mitológicos que influenciavam na religião e nos conhecimentos. 

Para esse povo, o corpo masculino era a expressão de beleza e perfeição, enquanto o corpo feminino era desvalorizado. Para eles, a mulher era e deveria ser submissa ao homem.  A mulher grega era vista como propriedade do pai e depois do marido e a eles devia servir em tudo, sem poder opinar sobre nada e também não tinha vez, inclusive no sexo. No entanto, o homem tinha a liberdade de se relacionar com outras mulheres ou homens, dentro e fora do casamento. Mas a mulher devia manter-se fiel ao marido. Apesar de tudo o sexo, como função procriadora, era considerado uma bênção dos céus.


No processo civilizador as mudanças, ocorridas com a inversão dos papéis, tem o intuito de controlar a população e submetê-la ás normas e costumes estabelecidos. Normas e costumes que entram pelo período medieval da Idade Média.

Nesse tempo o Cristianismo chega à Europa e se espalha pelo Ocidente. Igrejas são erguidas por toda parte. Os líderes da Igreja Católica desejavam difundi-la a todo custo e não mediam esforços para isso. Queriam mostrar que ela era única e que todas as outras religiões não mereciam respeito. Precisavam de algo que mexesse com a população e o sexo foi um prato cheio.


Esses líderes passaram a vê-lo pela ótica da cultura greco-romana. E ditaram regras e exigiram seu cumprimento. Para fazer com que fossem cumpridas instituíram o pecado. Através de seus líderes, Igreja passou a ideia de que o sexo sem a finalidade de procriar era um pecado tão grande que impediria o fiel de entrar no paraíso celeste após sua morte. E para impedir que burlassem esta regra, ameaçavam com enforcamentos, de terem as partes intimas queimadas e de excomunhão quem fosse pego praticando-o.

 

Pecados, punições e ameaças foram as estratégicas usadas pelos líderes da igreja para o estabelecimento de uma moral rígida, repressora e negativa que repudiava toda expressão sexual e fazia a mulher e seu corpo serem submissos. Esses “santos padres” passaram a ver a mulher como a vilã pecaminosa que levava para o inferno a alma dos homens que elas seduziam. Por isso, mereciam ser queimadas vivas em praças públicas. E muitas foram delatadas por parceiros ou por homens que as cortejavam e recebiam recusas aos intentos sexuais. E por meio do medo muitos se converteram ou se enquadravam nessa moral.

O período medieval foi, sem dúvida, o período mais repressivo de que se tem notícia nas histórias da humanidade e da sexualidade. Seus efeitos foram tão fortes e drásticos, que nem os movimentos realizados pela burguesia, pela idade moderna e nos dias atuais foram capazes de apagar. E ficaram no nosso inconsciente e em nossas mentes como mitos, crendices, preconceitos e tabus. E são esses pensamentos que se inflamam e nos causam certo desprazer em algumas situações.


Falar sobre sexo com filhos ou alunos ainda nos faz sentir vergonha, porque sentimos como se fosse algo feio e pecaminoso. E para fugir destes sentimentos omitimos conversas, inventamos justificativas ou nos deixamos nos levar por eles emitindo julgamentos impróprios ao nosso grau de adiantamento moral, social e tecnológico. E com isso, deixamos de orientar e preparar as novas gerações para um comportamento que. além de físico, é natural, espontâneo e prazeroso.

domingo, 15 de março de 2015

A ORIGEM DOS MITOS SOBRE A SEXUALIDADE (I)


Falar sobre sexualidade é sempre muito complexo porque pode ser vista por vários ângulos e em diferentes situações da vida humana. Além do mais, a sexualidade é um processo progressivo e em constante transformação. Não tenho a intenção de fazer um tratado sobre sexualidade. Apenas reunir informações que mostrem o início dos mitos sobre ela e que afetam a todos nós nos dias de hoje.


No início do aparecimento do homem, naquela fase em que era meio humano e meio macaco, seu comportamento ainda se assemelhava ao dos animais. Por isso, procuravam as fêmeas quando estas estavam no cio para o acasalamento, eram escolhidas ao acaso e a relação sexual se dava com ou sem o seu consentimento. Era a lei do mais forte guiada pelo instinto.

Nessa época, as fêmeas tinham suas “crias” uma vez a cada quatro anos, porque a gravidez, o parto e carregar os filhotes às costas durante a caça e coleta de outros alimentos era muito dificultoso. Assim, após o período de amamentação do filhote, começava um novo ciclo.


Na era dos hominídeos, as fêmeas perderam o cio. Começou, então, a formação de pares fixos. E isto trouxe algumas vantagens: a mulher ajudava o companheiro na coleta do alimento e cuidava dos filhos, o que facilitava o trabalho. Mas, cabia ao homem a maior parte dessa coleta, visto que o objetivo era o de prover o grupo familiar. No entanto, o relacionamento entre homem e mulher tornou-se mais agradável, as relações sexuais deixaram de ocorrer num único período, tornaram-se mais prazerosas e a ter o consentimento da parceira. E o grupo familiar tornou-se mais forte na luta pela sobrevivência e na manutenção da espécie.

Nessa época, havia uma exaltação do corpo feminino. Não somente pela capacidade de procriar e de gerar vida, mas como um algo divino cheio de poderes e mistérios. Por isso, as tribos se reuniram e fizeram um acordo para evitar a consanguinidade, isto é, evitar relações entre parentes. Assim, inventaram o primeiro tabu: o incesto.

Na idade antiga, os padrões sexuais não eram tão restritivos embora existissem regras e, até mesmo, algumas restrições. No entanto, o prazer sexual era reconhecido.

As mulheres participavam mais ativamente. Suas vestimentas realçavam aspectos sexuais como os decotes pronunciados que deixavam parte dos seios à mostra ou enormes fendas nas saias que, além das coxas, mostravam também os pelos pubianos. Lábios vermelhos conseguidos com uma tinta e que funcionava como batom deixavam claro sua intenção sexual. A virgindade não era valorizada, nem cobrada pelos parceiros. E uma mulher podia ter vários parceiros. As mulheres já se precaviam contra uma gravidez indesejada, mas com métodos extremamente naturais: amamentando seus rebentos até 6 ou mais, abstendo-se de relações sexuais ou fazendo uso de chás ou infusões de ervas.

Já a força e a virilidade masculina, comprovada no trabalho e nas lutas entre as tribos, tornavam os homens mais atraentes, encantava as mulheres e aumentava seus desejos eróticos.


Naquela época havia muitos ritos sexuais. Um deles, era vestir-se com as vestes do sexo oposto, o que para algumas sociedades tinha uma ligação com o divino, algo que fazia transcendência do próprio sexo. Consideravam como detentores de grandes poderes mágicos os homens que haviam sido criados como mulheres. Também era comum, saudável e normal que os sacerdotes mantivessem relações sexuais como pessoas de ambos os sexos. Assim, ser homo, bi ou heterossexual não importava, pois eram comportamentos considerados normalíssimos.

continua