OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

COMO SURGEM OS PRECONCEITOS?

Nossa sociedade convive há séculos com muitos preconceitos. E existem vários tipos: raciais ou étnicos, religiosos, econômicos, culturais, sexual, dentre tantos outros. Nenhum tipo de preconceito é bom.


As ciências nos dizem que ninguém nasce preconceituoso, assim como ninguém nasce mau. E podemos observar essa afirmação na prática quando observamos as crianças pequenas tratarem com respeito, carinho, solidariedade e, muitas vezes, com a admiração pelo amigo negro, pobre, estrangeiro ou deficiente.

O preconceito é algo que se aprende. Vem do exemplo dos adultos e imitados pelas crianças nos primeiros seis anos de vida. Vejamos algumas situações fictícias, mas vistas por aí nesse mundão de Meu Deus.


João sempre brincava com Tião, um negrinho retinto, educado, esperto e muito falante. João era mais tímido, pouco falante e pouco esperto devido aos cuidados excessivos que recebia dos pais. João admirava as qualidades de Tião. Um dia, o avô de João veio visitar a família e viu os dois garotos brincando animadamente. Num momento a sós, o avô colocou João ao colo e disse: “Filho, evite brincar com esse garoto. Ele pode querer roubar seus brinquedos”. João ouviu atentamente, mas não entendeu aquela conversa. Mas uma coisa ficou martelando em sua cabecinha: “roubar os brinquedos”.


Pedro estudava numa escola inclusiva e sempre ajudava um amigo deficiente intelectual. Pedro falava muito sobre o amigo em casa e a família estimulava a amizade. Porém, ser deficiente era, para o pequeno Pedro, um detalhe tão insignificante que esquecia de comentar. Numa reunião escolar em que a mãe de Pedro compareceu, conheceu o tal amigo. E ficou muito chocada. Ao chegarem em casa teve uma longa conversa com o filho e terminou dizendo que Pedro deveria se afastar do amigo para não pegar a doença dele.

Joana tinha uma amiga asiática. A amiga viera numa leva de imigração e tinha costumes bem diferentes dos de Joana. Um dia, Joana a convidou para brincarem em sua casa. Após a brincadeira, a família desfiou um rosário de argumentos sobre as diferenças culturais, sociais e religiosas que justificavam, segundo eles, o afastamento de ambas.

Mesmo sem compreenderem os motivos pelos quais deveriam se afastar dos amigos, o afastamento aconteceu porque eram crianças obedientes. Sentiram saudades e falta dos amigos é claro. Mas obedeceram. Mas algumas expressões ditas nas conversas com os pais, martelavam suas cabecinhas. Não queriam ser roubados, nem ficar doentes, nem criar problemas. E sentem medo.um medo muito forte.

Crianças pequenas vivem num mundo diferente do mundo adulto. Num mundo onde as fantasias são mais importantes que a realidade. E para consolar a perda da amizade, inventavam coisas horrorosas sobre os amigos. O medo aumenta e incomoda.

Embora sejam crianças pequenas e ainda não saibam expressar coisas que sentem com facilidade, não são bobas. Ao contrário, são muito mais observadores e nesse quesito, batem de longe os adultos. As atitudes dos adultos são o alvo das observações infantis. Se ouvem os adultos xingarem, esbravejarem, resmungarem os imitam. E pais preconceituosos são exímios nessa ação. E se os adultos podem, elas não podem também.


A imitação é outra maneira de aprender no mundo infantil. E em pouco tempo, estão xingando, gritando, esbravejando e ofendendo os amiguinhos. E quando o amigo chora, recua ou fica triste, um sentimento de poder se apodera do agressor verbal.

O tempo passou e todos cresceram. João, Pedro e Joana são agora pré-adolescentes. Época de viver em grupo. E cada grupo sempre tem alguém que lidera os demais. Os personagens de nossa história lideram seus grupos. Mas, não são líderes positivos. Vivem promovendo confusões e arrumando brigas. O desrespeito verbal para com os colegas é sempre o ápice de qualquer confusão. E o grupo os apoia.

O apoio do grupo reforça a sensação de prazer em humilhar os outros. Por isso, todos os dias escolhem um para receber suas ofensas e brincadeiras de mau gosto. A humilhação do outro é sempre uma fonte de prazer e aplaca o medo que sentem desde pequenos. Mas o prazer é passageiro e logo, o medo volta a incomodar.

Toda liderança positiva ou negativa tem uma forte relação com o poder.  Mais ainda se a liderança é negativa. Sentir-se poderoso sobre o outro torna-se um recurso para diminuir o medo que tanto os incomoda. Por isso, se auto intitulam os “bam-bam-bans” do grupo. Sua palavra é lei. Subjugar os próprios companheiros às suas ordens é outra fonte de prazer. E o grupo se transformam em verdadeiras gangs.


Com o tempo, as ofensas verbais perdem o interesse e já não funcionam tão bem quanto antes. É preciso algo a mais para que o líder mantenha o seu status de valentão e continue sendo respeitado pelos outros membros. E se transformam em agressões físicas como forma de subjugar um desafeto.


O prazer em ver o outro caído e machucado é mais forte e o líder ganha mais prestígio. Agora, os comentários atuam como reforço. Mas também são passageiros e o medo que continua incomodando se transforma em ódio. A cor da pele, a nacionalidade, as diferenças físicas, a inteligência ou a falta dela, o sucesso ou a popularidade do outro soam como ameaça velada e implacável, que precisa ser destruída a todo custo. E os requintes de perversidade começam a aparecer. Por isso, o prazer e o poder se transformam em lesões corporais graves e assassinatos.


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