Para
entender como os padres da Idade Média pensavam e agiam é preciso que se saiba como
o clero era organizado, sua influência na sociedade e as consequências disso
tudo. Então, vamos lá.
A
volta ao campo, o aumento da população de fiéis e o aumento de pessoas que queriam
ingressar na vida religiosa com medo do inferno fizeram com que a Igreja se
organizasse.
A presença dos padres nos feudos
Apesar
de ainda apresentar uma estrutura simples, os fiéis de cada região escolhiam um
bispo para dirigir todas as Igrejas da região (conhecida como diocese) e várias
dioceses eram administradas pelos arcebispos e ambos obedeciam diretamente ao
Papa. que comandava tudo e a todos, dentro ou fora da Igreja. Já os padres
ficavam responsáveis por dirigir as paróquias (como um pequeno distrito) e pelo
ensino da religião, pelas cerimônias religiosas e dar assistência á população. A
parte administrativa ficava a cargo dos diáconos (aspirantes a padre).
A
fé dominava a vida do homem medieval e determinava todos os seus atos do dia a
dia. Os padrões morais e éticos eram vistos como exclusividade dos cristãos. E
para que a população aplicasse esses padrões, os padres alimentavam o medo do castigo que os pecadores viriam
a sofrer depois da morte no inferno e com muito tormentos. O medo do
inferno agindo sobre a imaginação das pessoas, servia como forma de controle
sobre as atitudes imorais e, impedia que os fiéis “pecassem”. Por medo, muita
gente procurava a vida religiosa, mesmo sem ter vocação. Portanto, como a
demanda era enorme, começarem a surgir várias ordens religiosas na Europa.
A vida nos mosteiros
Para
abrigar toda essa demanda de novos religiosos foram construídos os primeiros
mosteiros. Mas a vida lá dentro não era nada fácil. Haviam muitos períodos de
oração e de aprendizado dos dogmas e de trabalho duro: de construção ou
ampliação dos mosteiros, da higiene do local, do cuidado com os doentes,
socorro a população mais pobre, o ensino da religião, as cerimônias religiosas
e eclesiásticas, o cuidado dos animais e o plantio de subsistência. Tudo com
regras rígidas que deveriam ser cumpridas a risca. Muitas dessas ordens religiosas optaram pelos votos de pobreza, de obediência
e de castidade em separado ou todos ao mesmo tempo.
Além do
controle sobre os sobre os monges, padres, paróquias e dioceses, competia à Igreja,
era de sua competência a administração da justiça sobre os casos em que seus
membros e civis da região estivessem envolvidos. E esses julgamentos eram
baseados no Direito Canônico, cujas leis eram muito severas.
O Papa e assessores
Assim, a
Igreja foi ficando cada vez mais rica. Fosse pela cobrança do dízimo, por
donativos ofertados pelos senhores feudais ou por soberanos convertidos, vendendo
indulgências que prometiam amenizar os martírios dos pecadores ou por monges e
bispos que se tornaram senhores feudais, enquanto os pobres ficavam cada vez
mais pobres. E também ficava cada vez mais poderosa. O poder da Igreja era quase ilimitado. Tanto que chegou a instituir
uma norma, conhecida como a “TRÉGUA DE DEUS”, que proibia
qualquer tipo de combate em determinados dias do mês e nas principais datas
religiosas.
A
vida cotidiana da população era impregnada de pequenos rituais religiosos. Se
alguém ficasse doente, houvesse uma epidemia ou ocorresse uma catástrofe a
culpa era do demônio e resolvidas com exorcismos, sinais da cruz e outros
rituais e símbolos católicos.
A importância da Igreja na vida do povo medieval
E
o poder da Igreja só aumentava. Além do poder espiritual e dos julgamentos, em
quase toda a Europa, a Igreja também tinha o poder político. Nenhum rei ou
rainha era coroado ou se casava sem o aval da Igreja. E foi mais longe ainda.
Com
a justificativa de que precisavam salvar os pagãos do inferno, a Igreja
decretou as chamadas “Guerras Santas” e a mais famosa delas foram as “Cruzadas”.
Por causa da dependência com a Igreja, muitos soberanos, nobres e senhores
feudais apoiaram essas guerras enviando dinheiro (ouro e outros metais
preciosos), com suas guardas e que foram formados muitos exércitos. No entanto,
nessas guerras fez com que os novos interesses econômicos e sociais fossem
maiores que os interesses religiosos.
Quanto
mais rica a Igreja ficava, mais jovens ricos se interessavam em entrar na vida
religiosa. Não porque tivessem vocação, mas porque enxergavam uma possibilidade
de enriquecerem ainda mais ás custas dos donativos e tributos pagos pelos
camponeses, comerciantes e artesãos à Igreja.
Só os padres podiam ler e escrever
Outro
poder importante que a Igreja medieval detinha era o controle do saber. Ou seja,
somente os padres, bispos, abades e monges podiam saber ler e escrever. Muitos padres escreveram pergaminhos, cartas, livros e
formaram grandes bibliotecas. Porém, os padres mais pobres e que, embora não
soubessem ler, mas tinham habilidade para a escrita, tornavam-se copistas (ou
copiadores) dos livros dos padres autores.
Naquela
época, homens e mulheres viviam num mundo pequeno, não só geograficamente, mas
principalmente, na parte intelectual. As notícias sobre outros lugares, sobre outros
povos e seus costumes eram demoradas, esparsas e contraditórias. Por exemplo,
ninguém sabia que o continente americano existia, por isso, não apareciam nos
mapas.
Os mercadores
Os
mercadores viajantes que traziam informações desses lugares, tinham suas
informações censuradas pela Igreja e só permitia a divulgação das informações
que interessavam a ela, como por exemplo, as riquezas de um determinado lugar
ou das práticas pagãs dos povos visitados. Por que? Com segundas intenções: continuar
com as Guerras Santas e, como desculpa, a “salvação” dos infiéis.
Martinho Lutero e a Reforma Protestante
Mas, por
outro lado, a Igreja passou a sofrer alguns ataques. Reis, príncipes e senhores
feudais passaram a discordar das atitudes da Igreja, dos Papas ou de seus
comandados. Mas no fim, a Igreja sempre terminava como vencedora. E foi assim
até o século XVI, quando Martinho Lutero organizou a Reforma Protestante.
As Guerras Santas
Um outro
conflito veio atrapalhar os planos da Igreja e abalar seu prestígio. As
Guerras Santas custavam muito caro para a Igreja. E a Igreja já havia gasto o
que tinha ganho e o que não tinha também. Também não podia mais contar com a
ajuda dos reis, príncipes e senhores feudais que andavam descontentes e
discordando das atitudes Papal. Só lhe restava pedir emprestado para os
banqueiros. E isso foi feito. Recebeu o empréstimo, mas não tinha como pagar a
dívida contraída, pois os gastos com as Guerras e o luxo com que os padres
viviam era grande.
Naquela
época, um empréstimo era entendido como a venda do tempo (prazo) para a quitação
da dívida. Assim, quanto mais tempo levavam para quitar a dívida contraída,
mais cara essa dívida ficava. Dessa maneira, as dívidas contraídas pela Igreja foram
ficando astronômicas. Mais uma vez, a Igreja quis dar uma contornada na
situação, mas... do seu jeito.
Os banqueiros medievais
A desculpa
foi a revisão nos dogmas (as leis) que regiam a religião. E sabe-se lá onde, os
arcebispos e bispos encontraram alguma coisa a ver com “pecado mortal”. E para
o povo da época, pecar era a coisa mais terrível que havia por causa do inferno.
Assim, o medo foi, novamente, a solução encontrada pela Igreja, que passou a
divulgando que a “usura” (ganância) era um “pecado mortal”.
A Igreja
esperava que os banqueiros, diante desta notícia, se arrependessem de cobrar a
dívida e oferecessem-na como doação aos pobres ou á própria Igreja, aliviando
os seus pecados. Mas não foi isso o que aconteceu. E a Igreja caiu do pedestal
onde ela mesma se colocara.
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