O código civil (de vários países
do século XIX) retratavam a sociedade da época: conservadora e patriarcal, mesmo
os homens continuando a ter mais direitos que as mulheres, apresentavam ares de
modernidade. Devo esclarecer que os dados aqui apresentados formam um resumo de
todos os Códigos Civis do século XIX.
A EDUCAÇÃO FEMININA
As mulheres eram educadas para
o casamento, com os afazeres domésticos e os cuidados com os maridos e filhos.
Apenas uma pequena elite tinha
acesso a alfabetização. Na melhor hipótese, apenas 12% das mulheres eram
alfabetizadas no mundo todo. Mas elas não tinham conhecimento de sua própria
existência, nem do mundo ao seu redor. Contavam apenas com experiências
pessoais e suas próprias deduções. No entanto, desde o final do século XVIII,
os índices de mulheres que estudavam estavam em franco crescimento.
O CASAMENTO
Segundo o Código do século
XIX, o casamento era entendido como a “união
estável entre duas pessoas com o intuito de constituir uma família”.
Como “união estável”
significava que a união deveria durar pela vida toda. E considerava a família,
como um grupo formado pelo pai, mãe e filhos. A união estável tinha como
objetivo de trazer a possibilidade do convívio diário e sob o mesmo teto os
dois indivíduos, numa relação de afeto e amor. Os filhos, os originários dessa
família eram considerados “legítimos”.
Embora existissem outros tipos
de ligações (como os concubinatos, os incestos e as uniões livres), os núcleos
assim formados não eram considerados “famílias” e estavam sujeitos ao desprezo
social. E os filhos gerados nesses não eram legitimados.
Eram consideradas “atitudes
vergonhosas” a masturbação, os incestos, o controle da natalidade e a infidelidade
conjugal, principalmente para as mulheres. Para os homens, tudo era perdoável.
EDUCAÇÃO DOS FILHOS
A criança era tida como um
instrumento a ser formado, tendo como objetivo o avanço familiar. Portanto,
cabia às famílias o “resguardo da invasão
e da pressão social”. Ou seja,
visava a proteção das crianças contra as mudanças dos preceitos morais no
sentido da privacidade educativa, do refinamento dos hábitos sociais e civis e
da melhoria das condições de higiene. Era, sem dúvida, uma grande novidade para
a época.
Assim, para cumprir esses os
objetivos os pais precisavam ter uma maior aproximação com os filhos. Logo, com
mais afinidades e afetuosidade, baseadas em conversas amistosas, folguedos, brincadeiras,
abraços e beijos. Estas atitudes passaram a ser comuns. No entanto, após a segunda
metade do século, conservadores começaram a ficar incomodados com essa
afetuosidade toda.
Inspirados na Psicanálise de
Sigmund Freud, que começava a se destacar no cenário científico, passaram a
criticá-la, alegando que a proximidade entre pais e filhos influenciava a
curiosidade infantil sobre a sexualidade e incentivava o incesto. Esses
conservadores levaram ao conhecimento da sociedade alguns casos (reais ou
inventados) de incestos cometidos pelos pais.
A sociedade reagiu
negativamente, fazendo com que houvesse uma mudança no Código Civil: a lei da anti-masturbação. A partir daí os
pais estavam proibidos de se aproximarem do corpo dos filhos, com a
justificativa de que “o corpo do filho
era propriedade dele”. Diante disso, os pais se afastaram novamente e as
relações entre pais e filhos voltaram a ser superficiais. Mas não eram apenas
nas relações, mas em tudo como a separação do quarto dos pais e dos filhos; havia
o quarto dos meninos e outro das meninas; as camas eram individuais etc. Mas
nada mudou em termos da quantidade de incestos cometidos, a curiosidade infantil
sobre sexualidade e a prática da masturbação continuavam.
Como nada havia mudado, a
Igreja, a medicina e pais se organizaram em movimentos sociais e faziam
campanhas que apregoando o desapego de tudo. E pouco a pouco, esses movimentos
foram se consolidando. Porém, criavam um desapego perigoso ao Estado.
Novas campanhas exatamente
opostas ao isolamento foram realizadas com o objetivo de valorizar a estabilidade
no trabalho, no casamento e da separação dos sexos, para conter o desequilíbrio
que estava se formando e afetando não ó as famílias, mas muitos setores da
sociedade.
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