Ah, os amigos! É bom tê-los
em qualquer idade, seja para um bom papo, um conselho ou, simplesmente, para a
escuta de uma reclamação, de um sentimento, ou de uma dúvida. Assim também
funcionam os amigos do início ao fim da adolescência.
Ter amigos, principalmente
nesta fase da vida, é fundamental. Além de desfrutar da companhia de pessoas de
mesma idade, por estarem enfrentando os mesmos problemas por conta das mudanças
físicas, psicológicas e comportamentais da idade e de terem os mesmos anseios e
dúvidas, o grupo também é educativo.
O grupo cobra coisas que os
pais ensinaram (ou deixaram de ensinar) e que todos os jovens deveriam ter
interiorizado, como por exemplo, o sentido de autoproteção, o das iniciativas
pessoais e os sentimentos de solidariedade e de cooperação. São estas coisas
que lhes garantirá a autonomia.
Estes grupos se formam
espontaneamente seja por afinidades ou por vários outros motivos, como por
exemplo, a necessidade de companhia, a paquera, o grupo de trabalho na escola,
por estudarem com a mesma turma durante anos seguidos etc. E da mesma maneira
que este grupo se forma, também se dissipa, pois com a idade avançando e novos
interesses surgindo, cada um acaba por seguir seu próprio destino. São muito
raras as amizades que perduram a vida toda.
Mas, os pais se preocupam e
questionam a forma como se tratam. A franqueza e as críticas que surgem nestes
grupos incomodam mais aos pais do que aos filhos. Os xingamentos, as críticas
e a irreverência de certas atitudes são vistas, aceitas e compreendidas como
algo normal entre eles. Não se ofendem, se magoam ou se sentem desprestigiados
por que todos agem da mesma maneira, estando perto ou distante dos pais. A
regra é clara entre eles: “se um faz, todos podem fazer”. E é, exatamente nesta
regra, que está o poder educativo do grupo.
As brincadeiras exageradas
que os adultos denominam de “algazarra” são passageiras e acontecem num momento
de descontração, como uma forma de extravasarem as dificuldades pelas quais
estão passando. E são totalmente inofensivas.
Há, porém, um grupo de “amizades”
com o qual os pais devem ser preocupar bastante. Esses grupos são denominados de “gangues
juvenis”.
O
QUE SÃO GANGUES?
As gangues juvenis são
grupos que, inicialmente se formam espontaneamente. Pouco depois, ganham uma
estrutura própria intencional e conferindo-lhe uma identidade que a difere de
outros grupos e, até mesmo, de outras gangues.
São grupos fechados,
contínuos, disciplinados e solidários, pois o êxito do grupo depende da união
de cada elemento para que o grupo aja como se fosse uma só pessoa. Muitas
vezes, um linguajar diferenciado aparece nesses grupos, ou seja, uma gíria que
é própria e oficial de determinado grupo.
Dentro dessa estrutura,
organizam-se de modo que cada elemento passa a ter uma função dentro do grupo.
Essa função depende das características e habilidades de cada elemento. Dentro dessa organização também
há uma hierarquia: o líder (que tem as ideias e manda), os liderados (que obedecem
cegamente as ordens do líder) e os iniciantes (que aspiram fazer parte desse
grupo por admiração ao líder ou por acreditarem que ganharão mais respeito).
QUEM PARTICIPA DESSES
GRUPOS?
Os motivos que levam um
jovem a participar de uma gangue são os comportamentos antissociais, originários
em constantes frustações causadas no ambiente familiar, escolar e na própria
sociedade. Outros problemas igualmente complexos e variados também fazem parte
de uma extensa lista de motivos. Esses elementos se identificam com o grupo que
passa a ser uma espécie de refúgio. Na maioria das vezes, as frustrações são as
causas da violência e da criminalidade nesses grupos.
O LÍDER
Em qualquer agrupamento
humano encontramos pessoas que lideram. É um tipo de liderança espontânea e
inata. Nas gangues, o líder é determinado por sua audácia. Na verdade, essa
audácia é mais um desvio de personalidade provocado por inadequações sociais do
que propriamente pela valentia pessoal. Audácia que é admirada (e muitas vezes,
invejada) pelos liderados e iniciantes.
Como em todo grupo, o líder (cabecilha,
cabeça ou mentor como pode ser conhecido) é
sempre uma pessoa
importante. O líder de uma gangue é uma pessoa que se identifica com os
problemas, insatisfações e anseios de cada liderado e promove oportunidade para
que possam descarregar toda a agressividade que ficou acumulada em cada um.
Assim, mantém a unidade grupal e a capacidade de ação do grupo.
Na verdade, o líder é um
déspota, mas que é visto por seus liderados, como se fosse um "anjo" que os
compreende e os apoia. Na verdade, essa relação é uma “esperteza de uma mente
doentia”, sugerindo aos seus liderados coisas que jamais ousaria praticar
sozinho ou por conta própria, seja por medo das normas morais ou sociais ou do
castigo divino.
As dificuldades e situações
de perigo constante que o grupo vivencia dão ao líder poder e
autoridade. Mas, é inegável que possui qualidades especiais para a ação (como
as tomadas de decisão rápidas, de ser enérgico, da ousadia) e que são
superiores à de seus comandados. Em qualquer situação o líder vai à frente,
seguido e protegido pelo grupo todo. O grupo confia no líder e se sente seguro.
OS LIDERADOS
Igualmente como o líder, os
liderados apresentam problemas antissociais e desvio de personalidade. Parece
um contrassenso observar que jovens contrários às regras da sociedade possam
ser elementos submissos às regras do grupo, não é mesmo?
É que ao obedecer cegamente
às ordens do líder e ver seus desejos de agressividade satisfeitos por atuar em
oposição a uma norma social ou sobre a autoridade dos adultos, esses jovens atingem um grau
de êxtase tão profundo, que se tornam capazes de enganar suas próprias
consciências. É devido a essa sensação que
se submetem cegamente e sem discussão ou rebeldias. E quanto mais o lider promover
situações em que esse êxtase for alcançado, mas presos ao grupo esses jovens
ficarão.
OS INICIANTES
Para ser aceito nesses
grupos os jovens passam por “provas de coragem” onde podem imperar a violência
e o crime. As provas são constituídas de pequenos furtos, assaltos á mão armada e, lastimavelmente, de mortes.
Infelizmente, os nossos
jovens estão se enveredando cada vez mais nesses grupos e, lamentavelmente, cada
vez mais precocemente. As gangues estão crescendo de forma assustadora em todas as
classes sociais e ameaçam a sociedade.
COMO IDENTIFICAR SE O FILHO
PERTENCE A UMA GANGUE?
A mudança brusca e incomum no comportamento dos filhos pode ser um grande indício. São
mudanças observáveis no linguajar, no modo de vestir e de andar, nas atitudes
agressivas, rebeldias e críticas ás regras e aos costumes.
fonte:
CASTILLO, Gerardo."Educar para a amizade", Ed. Quadrante, São Paulo, 1999.
Minha amiga! Parabéns pela excelente postagem! Parabéns pelo conteúdo e pelas importantes informações nele contidas!
ResponderExcluirQuinta-feira, dia 26, tem post novo!
Uma abençoada e feliz quarta-feira!
Carinhoso abraço!
Elaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com.br/