E O FILHO DIZ: “QUERO SER DIFERENTE”.

Desde o nascimento cuidamos para que nossos filhos andem sempre muito bem arrumadinhos para garantir que tenham uma boa aparência. Mas, quando chega a adolescência, perdemos esse controle. Os jovens se vestem do jeito que mais lhes agradam.

 

Muitas vezes, os pais se surpreendem com a maneira dos jovens se vestirem. A maioria se veste de acordo com os ditames da moda. Mas, alguns extrapolam. Vestem-se de maneira esquisita e irreverente, usam roupas esquisitas, pintam os cabelos de várias cores e se enchem de cordões, bijuterias ou jóias, furam as orelhas à moda dos índios botocudos, entre outras coisas. A justificativa para esse “gosto” é que querem ser “diferentes” das demais pessoas.

Manias da juventude e da idade? Coisas do modismo atual? Nem um, nem outro. Eles pertencem a uma das muitas tribos urbanas.

E o que vem a ser tribos urbanas?

As tribos urbanas grupos de jovens que possuem interesses comum. Começam com um pequeno grupo e, aos poucos, esse grupo vai se ampliando, formando uma intrincada “rede de amigos.”

Essas tribos são consideradas como subculturas ou subsociedades, porque elas têm como objetivo principal a crítica e a reação à sociedade atual ou às organizações institucionalizadas como os governos. As críticas voltam-se para os valores, os costumes, os hábitos, e as regras da sociedade tradicional. Mas, lutar contra o poder governamental é uma tarefa inglória porque sabem que não terão êxito. Por isso, preferem lutar de outra forma: a de chamar a atenção. E para despertar a atenção de todos e dos governos, vestem-se de forma diferente da maioria das pessoas.

Essas tribos são grupos informais, abertas, e instáveis. Seus participantes não são contrários a emoção e aos sentimentos coletivos, mas são extremamente racionais. Gostam do capitalismo e são ardorosos consumistas. Embora alguns grupos usem em seus adornos figuras religiosas e crucifixos são ligados ao mundo terreno. Esses grupos não fazem projetos de vida, porque preferem viver o momento presente. Mas, exigem a fidelidade ao grupo com relação ao modo de pensar e de agir.

Pertencer a uma dessas tribos pode ser “bom” ou ruim dependendo do modo de pensar da tribo escolhida. Há tribos que são tolerantes e respeitam o credo, a raça, os gostos e as opiniões dos outros. Algumas se preocupam com a preservação do meio ambiente e se engajam em ONGs com esse fim. No entanto, ser tolerante não significa que sejam passivos. Praticam sua resistência contra as forças institucionalizadas e com outros grupos, mas evitam os confrontos diretos. 

Por outro lado, existem tribos em que os elementos do grupo são fanáticos e preconceituosos, usando da violência contra grupos minoritários (negros, nordestinos, estrangeiros, gays, moradores de rua e partidários políticos) por considerá-los “inimigos declarados”.

Ricos e pobres fazem parte dessas tribos. E o fator de adesão é a identificação dos jovens e adolescentes aos interesses de cada grupo.

Vamos conhecer algumas tribos. Conhecer como surgiram, seus objetivos, características, gostos no vestir e formas de agir.

1-   OS BASOFES

Esta tribo surgiu nos EUA, com os moradores pobres das periferias das grandes cidades. Com o tempo, o modo despojado e irreverente com que se trajavam em contraste com a ostentação de jóias de ouro ou de bijoterias douradas com que se enfeitavam passou a chamar a atenção de jovens de outras camadas sociais. Logo passaram a se vestir de maneira igual.

A vida dura e pobre desses jovens determinou o objetivo da tribo: mostrar que podiam ter coisas, da mesma forma que os jovens mais abastados. São chamados de “chunga”, mas não gostam desse apelido.

As principais características dos basofes são: pouca ou nenhuma higiene no corpo ou na roupa. Adoram roupas de grifes, mesmo que seja apenas na etiqueta falsificada. As roupas são largas, dando-lhes um aspecto de relaxo. Usam bonés, toucas ou chapéu. Gostam de usar bolsas grandes (tipo mochila). Brincos, correntes e piercings fazem parte dos acessórios. Gostam também de dirigir carros “alterados”, de cores chamativas e berrantes, onde ouvem Hip-hop e rap, no último volume.

 

 

2-   OS GRUNGES

Os Grunges surgiram na periferia de Seatle, nos EUA, após uma forte crise econômica nesse país. Vestem-se com bermudões abaixo do joelho ou calças rasgadas, usam camisas flaneladas em xadrez e tênis sujos e deixam crescer uma barbicha na face. 

Apoiam o feio, o sujo e o pobre. O desleixo no vestir e no assieo corporal tem como objetivo provocar os “Mauricinhos e Patricinhas” que, embora sejam da classe média, querem se passar por pessoas de posses. 

Gostam de Rock alternativo, Punk rock, Noise rock, Heavy metal e ouvem bandas como as do Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains, Soundgarden, Silverchair.

 

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Fonte:

SCHIO, Adilson (Pe). Artigo publicado na edição 263, jornal Mundo Jovem, agosto de 1995.
http://tribosurbanas-tribosurbanas.blogspot.com.br
http://www.mundojovem.com.br

http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/sociologia/12tribosurbanas.htm