Falar
sobre este assunto é bastante complicado. Teria que tratar com termos da
psicologia e, poucos poderiam entender. Portanto, tentarei traduzir em
linguagem bem simples para que todos entendam. Ok?
Imagine abrir uma caixa com algumas
coisas dentro. Mas, não podemos vê-las porque são invisíveis aos nossos olhos,
no entanto, sabemos que estão lá. Assim é o nosso corpo, um invólucro que
contém a mente e o psiquismo. Duas coisas contidas no corpo, que não podem ser
vistas, mas que estão lá.
Estas duas coisas
influenciam os atos que praticamos a todo instante. Na mente estão a razão com
suas análises, conceitos, julgamentos e a tomada de decisão no cotidiano. A mente é o resultado do funcionamento cerebral, portanto, mais concreto. Já no
psiquismo estão coisas mais subjetivas: como a consciência e o inconsciente
quer pessoal, quer coletivo.
A consciência é o que
sabemos de nós. Como somos, do que gostamos, do que detestamos, das coisas que
nos incomoda, que nos dá prazer, do que e como pensamos, das decisões tomadas,
as lembranças do que vivemos e experimentamos etc.
No inconsciente pessoal,
guardamos o que não foi assim tão bom, que nos desagradou de alguma forma e que
nos fizeram sofrer. Esse guardar é chamado de reprimir. A maioria dessas coisas
ficam esquecidas. Porém, algumas delas, as mais doídas, essas não esquecemos e,
volta e meia, insistem em nos atormentar por meio das lembranças.
No inconsciente coletivo
estão imagem ancestrais da caminhada da humanidade até o momento. Imagine um papel com um monte de pequenos pontos pretos espalhados numa folha. Imagine
ainda que cada pontinhos tem uma força emocional (energia) e que age como
se tivessem vida própria. Ou seja, tem seu próprio jeito de ser, de ver a vida,
de se comportar, de pensar, de sentir, de agir diferentes uns dos outros.
Chamaremos a cada um desses
pedacinhos de papel de “COMPLEXOS”. Os complexos mais distantes não nos
incomodam. Mas, quando um deles se aproxima da consciência (ponto maior ao centro) ganha mais energia, força
sua entrada, mas não conseguem entrar. Então, exerce sua influência.
A nossa personalidade é uma
mistura de todas essas coisas da mente, da consciência e do inconsciente
pessoal e coletivo misturados e nos influenciando a cada escolha e tomada de
decisão no cotidiano. Como assim? Explico melhor:
Veja esta garrafa. Ela está enfeitada
com pedacinhos de papel de todas as cores: pretos, marrons, vermelhos, vinho,
verdes, laranjas, amarelos e brancos. Todos bem juntinhos e misturados. Depois
de pronta, ficou com um visual bonito.
Assim é a personalidade.
Formada de pequenos fragmentos (papéis) compostos por complexos (pretos), lembranças
e experiências vividas (marrons), valores sociais e morais (vermelhos), valores
pessoais e familiares (vinhos), regras sociais e familiares (verdes), conceitos
políticos de relacionamento e modos de agir (laranjas), conceitos filosóficos e
religiosos (amarelos), todos juntos, unidos, misturados e em harmonia.
Mas, na vida não é assim. Ninguém
é perfeito. A harmonia é aparente, pois a todo instante temos que fazer
escolhas e tomar decisões. Estamos
sempre entre duas forças opostas: o bem e o mal, o certo ou errado, fazer algo
ou não fazer, dormir ou acordar, comprar ou não comprar, etc. Cada escolha e
tomada de decisão tem uma consequência que pode ser boa ou ruim, levar a um
ganho e perca, a um prazer ou dor.
Se a consciência estiver bem
resolvida, amadurecida, integra e forte saberá decidir sempre pelo melhor,
apesar da insistência dos complexos que atuam no sentido oposto. Podemos ficar
confusos ou desorientados, mas ultrapassamos as barreiras e permanecemos
firmes, pois tudo foi observado, analisado em todos os pontos de vista, julgado,
escolhido e decidido.
Mas, se a personalidade não
estiver bem resolvida, ainda instável e frágil, cedemos a influência dos
complexos. A razão não tem a mesma força e agilidade para analisar e julgar de
forma coerente, permanecendo confusa e desorientada e a tomada de decisão é
equivocada, as ações decorrentes são instintivas e as consequências são
nefastas, fazendo com que a consciência se dissocie, como se os pedacinhos de
papel começassem a descolar e cair.
A personalidade de uma
pessoa não muda. O que pode ocorrer é que os valores, os conceitos políticos,
filosóficos e religiosos influenciados pela razão, imponha a essa pessoa um
controle interno (autocontrole) diante de uma situação. Esse controle se torna
consciente e ela passa a agir de um modo mais coerente e adequado dando a
impressão de uma mudança. Mas, a mudança ocorreu na ação e não na personalidade.
Fonte:
JUNG, Carl G. o desenvolvimento
da personalidade. RJ, Vozes,1986
STEIN,Murray. Jung:o mapa da
alma –uma introdução. SP, Cultrix, 1998
A personalidade, diante do que li em tua postagem e de algumas parcas leituras sobre o assunto, parece ser estruturada a partir de elementos psíquicos alimentados no contexto familiar até sete anos de idade. Não é isso? É uma marca complexa de cada um de nós...
ResponderExcluirMe explica um pouco sobre esta imutabilidade da personalidade, por favor.
Abraços!
Responderei sua pergunta na próxima postagem, ok?
ExcluirAguardarei.
ExcluirAbraços!