Só
para recordar, o trabalho feminino sempre esteve ligado aos serviços domésticos
e a cuidar do marido e dos filhos. Nessas funções, as mulheres tiveram que “engolir”
seus sonhos e vontades por muitos séculos. Mas aos poucos, foram tomando
consciência e passaram a querer um pouco mais. Durante os períodos de crises
econômicas pelas quais o Brasil vivia, a participação feminina foi fundamental.
No entanto, o que restava para as mulheres eram os serviços de faxina em alguma
empresa ou casas de famílias mais abastadas, pois segundo os diretores das
empresas, era apenas o que sabiam fazer. Haviam ainda os trabalhos de
costureira, bordadeira, lavadeira e passadeira de roupas, doceiras que as
mulheres faziam em casa após os serviços domésticos habituais.
Após
muita luta conseguiram frequentar a escola e se formar como ”professora”, curso
apelidado de “espera marido”. Até a década de 1960 era raro encontrar uma
figura masculina no “Curso Normal de Formação de Professores”.
Embora as mulheres brasileiras tivessem autorização para frequentarem cursos superiores desde o ano de 1879, as que conseguiam entrar e terminar o curso eram muito criticadas pela sociedade. A maioria das mulheres só passou a frequentar esses cursos após a década de 1940. E com
a possibilidade de estudo as mulheres não perderam a oportunidade. Avançaram em
cursos técnicos ou universitários. É bem verdade que eram bem poucas as
mulheres que tinham a coragem de enfrentar os preconceitos bobos e machistas
dos cursos essencialmente masculinos.
Durante
as crises econômicas pela qual o Brasil passou naquela época, as mulheres
tiveram que auxiliar na complementação da renda familiar. As mais instruídas
trabalhavam como escriturárias, telefonistas ou recepcionistas (trabalho que
exigia boa aparência e elegância) e enfermeiras. Já as mulheres menos
instruídas trabalhavam em casa, após os serviços domésticos de rotina, para
complementar o salário familiar e tentar conseguir o sustento de cada dia. Eram
as costureiras, bordadeiras, lavadeiras e passadeiras de roupas, doceiras etc.
Nas zonas rurais, o trabalho na roça e no corte da cana eram os trabalhos em
mulheres eram admitidas.
Já
na década de 70, houve uma transformação na sociedade. Além da complementação
da renda familiar, houve um outro motivo: o surgimento de novos produtos e das
promoções que eram feitas para vendê-los. Este motivo redimensionou o conceito
de necessidade econômica e lançou o comportamento do consumo que atingiu todas
as camadas sociais. Surge o desejo de “querer ter”, com objetivos diferenciados
de acordo com a camada social que cada pessoa pertencia. Nas classes mais
abastadas o motivo desse “querer ter” era mais uma questão de status. Os
melhores produtos, as viagens para o exterior era uma ostentação de suas riquezas.
Nas
classes médias, o “querer ter” era visto como a possibilidade da ascensão
social, de obter dignidade e de respeito. E para isso, trabalho fora de casa, com
carteira assinada, era essencial. E foi o início da participação feminina no
mercado de trabalho brasileiro. Com a aceleração do ritmo da industrialização,
da urbanização crescente e do e do crescimento econômico dos anos 70, as
mulheres passaram a ser contratadas para diversos cargos. As mulheres passaram
a trabalhar como tecelãs nas indústrias de tecidos, como assistentes de
laboratórios clínicos, como costureiras nas indústrias de confecção, como
montadoras nas indústrias de artigos elétricos, “pespontadeiras” (aquelas que
dão pontos nas solas dos sapatos masculinos) nas indústrias de calçados, etc.
Apesar
da consolidação da industrialização e a modernização das indústrias, aumenta a
desigualdade social e da concentração de renda. Por outro lado, a transformação
do comportamento e do papel social das mulheres permaneceu e se intensificou
com os movimentos feministas, o que favoreceu maior oferta de emprego para as
trabalhadoras. No entanto, trabalho feminino nunca apareceu nas estatísticas.
Não havia (como ainda não há) a preocupação com a jornada dupla que as mulheres
trabalhadoras enfrentavam no dia a dia.
Na
década de 1980, uma nova crise econômica assola o país. A inflação e o
desemprego aumentam. E quando é mais necessário o trabalho da mulher, elas são
as primeiras a serem demitidas. A falta de capacitação não foi o motivo
principal das demissões das trabalhadoras nessa época, mas pelo fato de serem mulheres.
Foi
então que as indústrias de confecção começaram a crescer. E cresceram tanto na
época, porque davam serviços de costura para as mulheres de baixa renda e da
classe média baixa para que trabalhassem em casa, ou seja, um trabalho
terceirizado. O trabalho em grande quantidade, com uma data entrega bastante apertada
e com o pagamento bem pouco. Mas a iniciativa foi copiada em todo o território
nacional.
Embora
esse trabalho terceirizado fosse marcado pela heterogeneidade, por ser uma
atividade não organizada e de baixa produtividade, foi algo novo, dinâmico e
moderno de recuperação do mercado de trabalho por impulsionar o comércio, os
serviços bancários e financeiros, os setores públicos e por evitar uma queda
acentuada do nível de desemprego. Esse trabalho acabou contribuindo para a
mudança nos setores primários e secundários da economia do país, entrando para
a história como um mecanismo importante para os ajustes do mercado de trabalho
durante o período de crise, permitindo que o Governo pudesse adotar políticas
de emprego em estados e municípios menos desenvolvidos, como o Norte, o Nordeste
e o Centro-Oeste.
Apesar
disto tudo, o trabalho feminino nunca recebeu os devidos créditos por sua
força, porque todos os estudos feitos até então, sempre ressaltam sobre a ausência
da mulher ao dar a luz e dos gastos que as empresas precisam gastar nessa ocasião.
Mas nunca aceitaram que o papel da mulher é fundamental para o mercado de
trabalho.
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