Devo explicar a interrupção do tema que
vínhamos tratando sobre o trabalho e sua implicação na vida dos jovens. Há
semanas venho querendo abordar um novo assunto que, como educadora e terapeuta,
não posso e não quero me omitir.
Há uma série na Netflix, chamada“13
Reasons Whay”. Acredito que a maioria de vocês já tenha assistido. É um filme
triste, realista e que mexe com a gente. O filme conta a história de Hannah
Baker, uma bela, simpática, estudiosa e inteligente jovem de 16 anos, que
cursava o Ensino Médio, nos Estados Unidos. Uma garota que tinha um futuro todinho
a sua espera e que poderia ser brilhante. No entanto, Hannah dá cabo de sua própria
vida como uma forma de amenizar a dor e a angústia que vivenciava. Mas não é do
filme que quero discutir com vocês.
Quero tratar dos motivos que leva um jovem
a praticar tal ato: como a família, a escola, os amigos, a sociedade em geral.
Todos sabemos que, quando nascemos, já
estamos inseridos e inclusos num grupo social que é a família. E cabe a esse
grupo a difícil tarefa de nos educar. Entende-se “educação familiar” como um
preparo para a vida, tornando os filhos fortes o suficiente para que possam
superar sozinhos as inúmeras dificuldades que a vida impõe. E para isso, é
preciso educar não só os comportamentos como o seu emocional para enfrentarem
sucessos e fracassos. Frustrar os filhos de vez em quando é um bom exercício
educativo.
Mas há famílias que entendem que as frustrações
deixam seus filhos tristes e vulneráveis. Por isso, fazem de tudo para
agradá-los. Dão tudo o que querem, fazem coisas por eles, para eles e no lugar
deles. Muitas vezes, até falam por eles. Este é o modelo educativo baseado na superproteção,
que não deixa de ser um modelo antinatural. Geralmente é escolhido por pais
inseguros e que veem na dependência do filho, a sua imagem e semelhança.
Cada pessoa tem sua individualidade. E a
superproteção impede que o filho conquiste sua autonomia. Já repararam como as
crianças ficam com um brilho a mais nos olhos quando fazem algo sozinhas? É
esse olhar brilhante que nos permite observar se estamos educando direito.
Há famílias que terceirizam a tarefa de
educar. São aquelas que deixam a educação dos filhos na mão de uma terceira
pessoa (avós, tios, babás, irmãos mais velhos...). São os filhos de pais
ausentes, que curtem os filhos apenas nos bons momentos e por um breve período
de tempo. Estes pais, sempre muito ocupados por inúmeros compromissos de
trabalho ou sociais, não conhecem intimamente seus próprios filhos. Não sabem
quando estão tristes, infelizes, não cuidam deles num momento de doença, não
sabem do que gostam, do que detestam e muito menos do que sentem. Não os
observam, nem prestam atenção neles, preferindo que estejam longe de suas
vistas. São pais que gostam mais de si mesmos e preferem “comprar” o amor e
carinho dos filhos enchendo-os de presentes (geralmente caros). Nunca vão á
reuniões, apresentações e festas escolares. Os filhos estão sempre sozinhos
(distante dos pais). E reclamam, enciumados, porque os filhos gostam mais da
pessoa que o educa. E alguns, nem se importam com isso.
Há ainda famílias que buscam certos
modelos educativos vistos e entendidos como patológicos, como o relacionamento
simbiótico ou a rejeição declarada.
No relacionamento simbiótico, os
filhos são vistos como uma extensão dos pais. Não admitem que os filhos possuem
suas próprias características, desejos e necessidades, ou seja, não possuem
individualidade. Para estes pais, os filhos gostam do que eles gostam, querem o
que eles querem, sentem o que eles sentem.
Já descobriu a ovelha negra?
Já descobriu a ovelha negra?
Já na rejeição declarada um dos
filhos é escolhido para ser a “ovelha negra da família”. Geralmente é aquela
criança que se rebela diante do controle dos pais. Retruca sobre as ordens
dadas e apronta mesmo sabendo que não deve fazer alguma coisa. Por causa disso, tudo o que acontece de forma
desagradável a culpa sempre recai sobre ele, mesmo que tenha sido outra pessoa
que fez algo de errado. E inconformado com a bronca (ou surra) repete o feito
para provocar nova situação.
Não digo que nestes modelos, não haja amor
por parte dos pais, nem daqueles abandonos por necessidade financeira em que os
pais precisam deixá-los sozinhos ou com os irmãos, para buscarem o sustento.
Eles amam os filhos, sim. Mas do seu jeito. Imaginem estas crianças convivendo
com estes comportamentos paternos cotidianamente por 15 ou 16 anos a fio? E
será que os filhos entendem esse jeito de amar? Como você se sentiria se fosse
você?
Isto sem contar com a rejeição total.
São aquelas que abandonadas ao nascer ou depois de maiorzinhas, que convivem em
abrigos ou nas ruas. Estes vivem como podem e seus modelos educativos
geralmente são os de outras pessoas e que nem sempre são os melhores exemplos a
seguir. Ou, se estão numa família, a rejeição acontece por terem pais que fazem
uso de álcool, de drogas pesadas ou por querem se livrar de uma situação
complicada. Este é o único modelo educativo em que o amor não existe.
Costumamos ouvir dos psicólogos, que as
crianças são emocionalmente mais fortes do que imaginamos. Muitas sobrevivem a
tudo isto e se mantém emocionalmente estáveis com uma coragem de dar inveja.
Mas nem todos são assim. Geralmente são crianças emocionalmente frágeis, depressivas,
instáveis, irritadiças e sentem muita dor emocional porque as frustrações e a
infelicidade transformam-se uma dor na alma que se reflete no corpo. E, se
sobrevivem na infância, na adolescência ainda fica tudo pior, com novos
problemas que se somam a estes, como as mudanças físicas do corpo, as mudanças
hormonais e as mudanças psicológicas da idade. E, por isso, entram nas estatísticas
como alto nível de risco.
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