A Igreja
Medieval não vivia um bom momento. Estava pressionada pelos “banqueiros da
época” a pagar as dívidas contraídas; a venda das indulgências não estava dando
o lucro que esperavam e os cofres estavam vazios; os fiéis estavam deixando de
frequentar a Igreja depois da Reforma proposta por Martinho Lutero que
discordava com algumas atitudes impostas pela Igreja. Além disso, a Igreja
observava o avanço que as mulheres estavam conquistando. Estas estudavam,
saíam-se bem no comércio, estavam conquistando cargos políticos e começavam a
expor as próprias opiniões. E isto incomodava por demais os padres e monges e
ficaram pensando que em pouco tempo, uma mulher poderia tomar o lugar papal, já
que algumas chefiam os conventos.
A Igreja
precisava, portanto, encontrar alguma coisa que desviasse a atenção desses
problemas e trazer de volta os fiéis para continuar com seu domínio sobre eles.
Por outro lado, queria ganhar a simpatia de seus credores novamente e quem
sabe, ficar livre das dívidas. Quem sabe se achando um “culpado” as coisas não
se resolveriam? Mas quem?
Foi
vasculhando os escritos de suas bibliotecas para ver nos dogmas alguma coisa
que poderia servir a seus propósitos, encontraram três teorias filosóficas e com elas, poderiam justificar as atitudes
que, por ventura, viessem a tomar.
1ª TEORIA
A
primeira teoria foi a de Aristóteles, um filósofo grego que viveu na Idade
Antiga. Nessa época, os conhecimentos estavam apenas começando. Tudo era
baseado na observação, portanto, nada tinha de científico. E quem fazia isso
era chamado de “filósofo”. Sua função era observar, analisar e tirar
conclusões. E assim fez Aristóteles.
Num
determinado trecho afirma: “ ... as mulheres
(e todas as fêmeas da natureza), são
deficientes e falhas, porque precisam dos homens para procriarem. Ao gerarem
suas filhas transmitem essa deficiência a elas e quando geram seus filhos, isto
não acontece. E justifica: “...essa
deficiência pode ser causada por uma indisposição, uma transmutação ou pelos
ventos austrais por serem muito úmidos”. (S.Th.I, q. 92, a. 1, ad 1).
Em outro
trecho mais abaixo, ele conclui: “a
primeira mulher (Eva) teria sido criada da costela de Adão. E ainda bem que
tinha sido assim porque se um pedaço fosse tirado da cabeça, a mulher dominaria
o homem. Se um pedaço fosse tirado do pé, seria sempre submissa a ele e poderia
ser desprezada por ele. No entanto, como a costela está perto do coração,
poderiam viver e conviver lado a lado e em condições iguais”. (S.Th. I, q.
92, a. 3, co).
2ª TEORIA
Santo
Agostinho, que viveu de 354 a 430 d.C, época da Baixa Idade Média, na Argélia.
Filho único de uma família muito pobre, tinha sonhos e desejos de grandeza.
Gostava do que era caro, da luxuria e da riqueza, tanto que se casou com uma
mulher rica e teve um filho com ela. Teve muitas mulheres na juventude e uma
amante fixa durante o casamento. Mas não era feliz com nenhuma delas. Um certo
dia, largou tudo e entrou para um mosteiro onde foi monge. Progrediu lá dentro
e tornou-se Bispo de Hipona (cidade onde nascera).
Na época
que Santo Agostinho viveu, ainda não havia as Ciências. Tudo era baseado na
observação ou na experiência de vida do autor. E assim foi com este Santo que
resolveu deixar por escrito sua história e suas experiências da juventude. E
assim, ele escreveu a primeira autobiografia do mundo.
Agostinho
(de Hipona) falava que o desejo de ter muitas mulheres e conseguir riquezas era
uma desobediência às leis de Deus e da Igreja. E essa desobediência o afastara
de Deus. E compara essa desobediência com a desobediência de Eva no paraíso,
quando pega a maçã e come. Depois, insiste e dá para Adão. Deus, que os avisara
sobre o fruto proibido, fica muito bravo e os expulsa do Paraíso. E surge o
“pecado original”. Com essa comparação, Santo Agostinho queria mostrar que
todos somos imperfeitos diante de Deus, cegos pela sexualidade e diante das
riquezas.
Santo
Agostinho critica Deus por permitir o “livre-arbítrio”.
Para ele, todos cometemos atos
bons e maus. E que Deus sabe e permite que os homens cometam esses atos e
critica ainda mais afirmando: Se Deus sabe de tudo isso e permite que as
pessoas se afastassem “Dele”, porque deu o Livre arbítrio, então?
3ª TEORIA
Esta
teoria é a de São Tomás de Aquino, que viveu de 1225 a 1274, meados da Baixa
Idade Média, na Itália. Foi monge, filósofo e escritor. Em seus escritos, citou
os pensamentos de Aristóteles e de Santo Agostinho não porque concordasse com
eles, mas para refutá-los.
Para
Tomás de Aquino, “as mulheres eram frutos
da sabedoria de Deus, assim como eram os homens e, por isso, o mundo não fora
criado apenas para os homens, mas para as mulheres também”.
OS PADRES
E AS TEORIAS
Além de
machista, a Igreja Medieval também era manipuladora. Principalmente, quando
tratava dos seus interesses. Os chefes da Igreja pegaram as partes que mais
lhes interessava de cada teoria e ignoraram as justificativas e conclusões dos
autores.
De
Aristóteles pegaram a parte em que ele afirma que as mulheres são deficientes e imperfeitas, que passavam essa
imperfeição quando geravam meninas, que elas dependiam dos homens”, e generalizando incluíram um “para tudo”. De Santo Agostinho ficaram
com a parte de que “as mulheres
“enfeitiçavam” os homens usando a sexualidade”, que eram más e perigosas porque
transmitiam o pecado original a todos (filhos e filhas).
Com
relação a teoria de São Tomás de Aquino, por ser mais recente, foi distorcida.
Os padres afirmaram que “os frutos da
sabedoria de Deus eram os homens”. E pegaram o texto da 1ª teoria, escrito
para que ele pudesse analisar e contradizer e insinuaram que São Tomás
concordava com o autor.
Fizeram
um documento apoiados nessas distorções e espalharam por todas as pessoas de
todas as regiões, como se fossem verdades absolutas, ou seja, como princípios
da religião.
A “forma
torta” das teorias divulgadas pela Igreja causaram um grande impacto na
população gerando a misoginia,
ou seja, um ódio mórbido, patológico e cruel contra as mulheres.
As
mulheres daquela época sofreram muito com esse ódio. Eram desprezadas,
ignoradas em suas necessidades e culpadas por tudo o que acontecia.
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