OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

OS REFLEXOS DA MISOGINIA

Após a Igreja ter espalhado o falso documento religioso sobre como as mulheres deviam ser vistas, a população masculina ficou muito satisfeita. O sentimento de serem “seres perfeitos”, obras-primas da natureza criada por Deus, subiu à cabeça da população masculina da época.  E o que antes já não era bom para as mulheres, ficou ainda pior.

Os governos machistas criaram uma nova lei de conduta: o CORPUS JURIS CIVILIS ou CÓDIGO JUSTINIANO I. Essa lei modificou toda a estrutura social da Idade Média. E, logicamente, as mais afetadas por essa lei foram as mulheres, pois restringia a liberdade feminina ainda mais, fazendo com que as mulheres perdessem novamente seu espaço na sociedade. Em contrapartida, aumentava os direitos dos homens. Na verdade, essa lei foi uma volta ao tempo dos romanos que viam as mulheres como um “nada”, e que serviam apenas para cuidar da casa e satisfazer os desejos sexuais dos maridos.

 Essa lei trouxe várias consequências:

1- NO AMBIENTE FAMILIAR

Embora todas as mulheres fossem atingidas ela misoginia, havia diferenças no comportamento familiar da elite e da plebe.


A elite ainda mantinha certos privilégios. O seleto grupo doméstico fazia questão de marcar a separação entre homens e mulheres. Os encontros entre eles tinham uma única finalidade: a procriação. Haviam outros encontros no ambiente, mas com propósitos diferentes (festejar datas religiosas ou do reino).

Com essa lei, os homens encontravam uma forma de delimitar os espaços de cada um dentro da casa e de refinar a vigilância sobre as mulheres e sobre a sua “pureza”. Enfim, o comportamento feminino dependia essencialmente das mulheres.


O quarto era para elas um lugar de liberdade e de prisão ao mesmo tempo. Prisão porque permaneciam nele por um bom tempo, já que não era permitido o trânsito pelos corredores e outras dependências a elas. De liberdade porque ali podiam fazer o que bem entendessem: trabalhar, estudar, bordar, costurar, ler, escrever, fazer enfeites para suas roupas ou para os cabelos. Cuidavam da higiene pessoal, descansavam, faziam as refeições e oravam. Podiam ter a companhia de outras mulheres ou ficarem sozinhas.

O cuidado pessoal era importante. Os cabelos, considerado como manto natural e um símbolo sexual, requeriam uma atenção a mais porque definiam o grau de “pertencimento” de cada mulher, ou seja, grau de submissão ao pai ou ao marido. Em resumo, os cabelos definiam se as mulheres eram solteiras, casadas ou prostitutas.

 

Os cabelos soltos (por provocarem efeitos eróticos na população masculina) definiam as prostitutas. Os cabelos presos em uma ou várias tranças definiam as solteiras. E presos com tranças e escondidos por uma espécie de touca mostrava quem eram as casadas. Por isso, pentear e escovar os cabelos era uma tarefa reservada e somente podiam ser realizadas em seus aposentos.

Outro item importante eram as peças do vestuário. Os guarda-roupas das moças da elite eram repletos e variados por duas razões: para marcar sua posição social da família a que pertenciam ou para mostrar uma certa rebeldia (como uma libertação). Vestidos muito colados ao corpo, saias longas e amplas, decotes ousados, cintura bem marcada por um cinto ou cordão com fivela ou uma joia, feitos em tecidos luxuosos e caros definiam a origem elitista das moças.

Os passeios aos jardins das residências ou palácios para o “banho de sol” tinham horários marcados (de manhã ou no entardecer) para que o caminho percorrido por elas estivesse vazio.
As plebeias continuavam convivendo normalmente com suas famílias, seja ajudando nos afazeres da casa ou trabalhando fora de casa. Seu vestuário era simples e recatado. Mas os cuidados com os cabelos seguiam a elite.

2- NAS ESCOLAS E NOS ESTUDOS

Nos áureos tempos, quando as mulheres estavam assumindo novos papéis na sociedade, as famílias queriam que suas filhas fossem bem instruídas e progredissem na vida. Embora muita gente não aceitasse, as moças ricas ou pobres frequentavam as mesmas salas de aula que os rapazes ou a plebe, todos aprendiam as mesmas coisas: ler, escrever, contar e fazer cálculos básicos. Como as escolas eram particulares, evidentemente, as famílias mais pobres se esforçavam e faziam mais sacrifícios para manter as filhas estudando.


No entanto, por causa do documento manipulado pela Igreja e pelo CORPUS JURIS CIVILIS tudo mudou. Para não dar na vista de pronto, começaram por separar as escolas, ou seja, passando a haver escolas só para rapazes e outras, só para moças. As escolas para rapazes continuavam ensinando normalmente ou incluindo novos cursos.

Porém, grandes mudanças ocorreram nas escolas para as moças. A primeira delas foi a separação entre moças da elite e da plebe. A segunda e mais importante, ocorreu na grade curricular, ou seja, no que as moças aprendiam.


As moças de famílias nobres ou da classe mais abastada aprendiam a leitura e a escrita na língua natal e em latim, hebraico e grego, contagem e cálculos básicos, ensino religioso (onde aprendiam os princípios morais da fé cristã), com a justificativa de que suas responsabilidades sociais assim exigiam. Além disso, também havia a preparação para o casamento onde aprendiam sobre as responsabilidades conjugais, o cuidado com os filhos e a compreensão de suas responsabilidades sociais.

Já as moças da plebe aprendiam a realização das tarefas domésticas, os cuidados com o marido e com os filhos, costura, bordado entre outras habilidades manuais e que poderiam se transformar num ofício caso fosse necessário.

A terceira mudança ocorreu no preço cobrado pelas escolas. As escolas passaram a cobrar mais caro os cursos para as moças da plebe. O intuito era o de fazer com que elas desistissem dos estudos por falta de recursos.
E conseguiram esse intento. Uma grande parte dessas moças voltaram a trabalhar na lavoura, no comércio ou como operárias nas indústrias que começavam a se instalar.

3- NO TRABALHO

A maioria das moças da plebe trabalhava fora de casa. Plantavam nas lavouras. Comerciavam de produtos cultivados em pequenas hortas caseiras e vendidas nas feiras. Ou trabalhavam como operárias nas pequenas indústrias.


Fosse qual fosse o tipo de trabalho que as moças da plebe realizavam, começava muito cedo e não tinham um horário determinado para encerrá-lo. Muitas vezes, após um dia exaustivo de trabalho, meninas, moças e mulheres ainda realizavam as tarefas caseiras.

Mesmo assim, viviam com muitas dificuldades financeiras. Outras, porém, levavam uma vida de miséria extrema.

4- NA VIOLÊNCIA

A prostituição sempre foi era uma forma de marginalizar a mulher. Agora de afirmar e confirmar o que a Igreja pregava com seu falso documento.


Convivendo com vários tipos de pessoas diariamente, as meninas e moças da plebe eram constantemente assediadas sexualmente ou sofriam com estupros dentro ou fora de casa. Mas não se queixar, pois não havia onde ou com quem reclamar.

E quando o faziam, a culpa do ocorrido sempre recaía sobre a vítima devido a “imperfeição” das mulheres. Por causa dessa violência, 50% das meninas e moças entre 15 e 17 anos entravam na prostituição. Outras 35% delas, que conviviam num ambiente familiar de miséria total por não conseguirem um trabalho remunerado e vivendo da caridade pública, buscavam na prostituição uma forma de melhorar de vida. E apenas 15% delas, entravam na prostituição por iniciativa própria, com o objetivo de encontrarem um marido de posses ou para lhes arrancar uma boa quantia de dinheiro. 
continua...

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