Após a
Igreja ter espalhado o falso documento religioso sobre como as mulheres deviam
ser vistas, a população masculina ficou muito satisfeita. O sentimento de serem
“seres perfeitos”, obras-primas da natureza criada por Deus, subiu à cabeça da
população masculina da época. E o que antes
já não era bom para as mulheres, ficou ainda pior.
Os
governos machistas criaram uma nova lei de conduta: o CORPUS JURIS CIVILIS ou
CÓDIGO JUSTINIANO I. Essa lei modificou toda a estrutura social da Idade Média.
E, logicamente, as mais afetadas por essa lei foram as mulheres, pois
restringia a liberdade feminina ainda mais, fazendo com que as mulheres
perdessem novamente seu espaço na sociedade. Em contrapartida, aumentava os
direitos dos homens. Na verdade, essa lei foi uma volta ao tempo dos romanos
que viam as mulheres como um “nada”, e que serviam apenas para cuidar da casa e
satisfazer os desejos sexuais dos maridos.
Essa lei trouxe várias consequências:
1- NO
AMBIENTE FAMILIAR
Embora
todas as mulheres fossem atingidas ela misoginia, havia diferenças no
comportamento familiar da elite e da plebe.
A elite
ainda mantinha certos privilégios. O seleto grupo doméstico fazia questão de
marcar a separação entre homens e mulheres. Os encontros entre eles tinham uma
única finalidade: a procriação. Haviam outros encontros no ambiente, mas com
propósitos diferentes (festejar datas religiosas ou do reino).
Com essa
lei, os homens encontravam uma forma de delimitar os espaços de cada um dentro
da casa e de refinar a vigilância sobre as mulheres e sobre a sua “pureza”.
Enfim, o comportamento feminino dependia essencialmente das mulheres.
O quarto
era para elas um lugar de liberdade e de
prisão ao mesmo tempo. Prisão
porque permaneciam nele por um bom tempo, já que não era permitido o trânsito
pelos corredores e outras dependências a elas. De liberdade porque ali podiam fazer o que bem entendessem: trabalhar,
estudar, bordar, costurar, ler, escrever, fazer enfeites para suas roupas ou
para os cabelos. Cuidavam da higiene pessoal, descansavam, faziam as refeições
e oravam. Podiam ter a companhia de outras mulheres ou ficarem sozinhas.
O cuidado
pessoal era importante. Os cabelos, considerado como manto natural e um símbolo
sexual, requeriam uma atenção a mais porque definiam o grau de “pertencimento”
de cada mulher, ou seja, grau de submissão ao pai ou ao marido. Em resumo, os
cabelos definiam se as mulheres eram solteiras, casadas ou prostitutas.
Os cabelos soltos (por provocarem efeitos
eróticos na população masculina) definiam as prostitutas. Os cabelos presos em uma ou várias tranças
definiam as solteiras. E presos com
tranças e escondidos por uma espécie de touca mostrava quem eram as
casadas. Por isso, pentear e escovar os cabelos era uma tarefa reservada e
somente podiam ser realizadas em seus aposentos.
Outro
item importante eram as peças do vestuário. Os guarda-roupas das moças da elite
eram repletos e variados por duas razões: para marcar sua posição social da
família a que pertenciam ou para mostrar uma certa rebeldia (como uma
libertação). Vestidos muito colados ao corpo, saias longas e amplas, decotes
ousados, cintura bem marcada por um cinto ou cordão com fivela ou uma joia,
feitos em tecidos luxuosos e caros definiam a origem elitista das moças.
Os
passeios aos jardins das residências ou palácios para o “banho de sol” tinham
horários marcados (de manhã ou no entardecer) para que o caminho percorrido por
elas estivesse vazio.
As
plebeias continuavam convivendo normalmente com suas famílias, seja ajudando
nos afazeres da casa ou trabalhando fora de casa. Seu vestuário era simples e
recatado. Mas os cuidados com os cabelos seguiam a elite.
2- NAS
ESCOLAS E NOS ESTUDOS
Nos
áureos tempos, quando as mulheres estavam assumindo novos papéis na sociedade,
as famílias queriam que suas
filhas fossem bem instruídas e progredissem na vida. Embora muita gente não
aceitasse, as moças ricas ou pobres frequentavam as mesmas salas de aula que os
rapazes ou a plebe, todos aprendiam as mesmas coisas: ler, escrever, contar e
fazer cálculos básicos. Como as escolas eram particulares, evidentemente, as
famílias mais pobres se esforçavam e faziam mais sacrifícios para manter as
filhas estudando.
Porém, grandes mudanças ocorreram nas escolas para as moças. A primeira
delas foi a separação entre moças da elite e da plebe. A segunda e mais
importante, ocorreu na grade curricular, ou seja, no que as moças aprendiam.
Já as
moças da plebe aprendiam a realização das
tarefas domésticas, os cuidados com o marido e com os filhos, costura, bordado
entre outras habilidades manuais e que poderiam se transformar num ofício caso
fosse necessário.
A terceira mudança ocorreu no preço cobrado pelas escolas. As escolas
passaram a cobrar mais caro os cursos para as moças da plebe. O intuito era o
de fazer com que elas desistissem dos estudos por falta de recursos.
E conseguiram esse intento. Uma grande parte dessas moças voltaram a
trabalhar na lavoura, no comércio ou como operárias nas indústrias que começavam
a se instalar.
3- NO TRABALHO
A maioria
das moças da plebe trabalhava fora de casa. Plantavam nas lavouras. Comerciavam
de produtos cultivados em pequenas hortas caseiras e vendidas nas feiras. Ou
trabalhavam como operárias nas pequenas indústrias.
Fosse
qual fosse o tipo de trabalho que as moças da plebe realizavam, começava muito
cedo e não tinham um horário determinado para encerrá-lo. Muitas vezes, após um
dia exaustivo de trabalho, meninas, moças e mulheres ainda realizavam as
tarefas caseiras.
Mesmo
assim, viviam com muitas dificuldades financeiras. Outras, porém, levavam uma
vida de miséria extrema.
4- NA VIOLÊNCIA
A
prostituição sempre foi era uma forma de marginalizar a mulher. Agora de
afirmar e confirmar o que a Igreja pregava com seu falso documento.
E quando
o faziam, a culpa do ocorrido sempre recaía sobre a vítima devido a
“imperfeição” das mulheres. Por causa dessa violência, 50% das meninas e moças
entre 15 e 17 anos entravam na prostituição. Outras 35% delas, que conviviam
num ambiente familiar de miséria total por não conseguirem um trabalho
remunerado e vivendo da caridade pública, buscavam na prostituição uma forma de
melhorar de vida. E apenas 15% delas, entravam na prostituição por iniciativa
própria, com o objetivo de encontrarem um marido de posses ou para lhes
arrancar uma boa quantia de dinheiro.
continua...
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