As
sociedades têm se modificado bastante ultimamente. E essas mudanças influenciam
as duas principais instituições socioeducativas: a família e a escola. Primeiro,
porque estamos inseridos numa sociedade e porque recebemos dela os conteúdos
sociais que formam a cultura. E isto acontece de forma gradativa, constante e
atinge todas as camadas sociais.
As
mudanças influenciam as ações cotidianas tanto da família como da escola. E
ambas precisam se adaptar a nova realidade para educarem e socializarem as
novas gerações. A tarefa educativa é mais voltada para o comportamento. Já para
a escola fica o desenvolvimento intelectual e a socialização dos educandos.
A escola é um instrumento educativo
sistemático, intencional e progressivo, com método e planejamento antecipados
enquanto que a família é um instrumento educativo assistemático, fragmentada,
sem método ou sequência e as aprendizagens vão ocorrendo no dia a dia e os
resultados aparecem mais rapidamente.
A relação família-escola é estreita.
Embora sejam instituições diferentes e independentes, elas são dependentes
entre si. Sem as novas gerações a escola não sobreviveria e sem escola as
famílias não dariam conta da formação intelectual e a preparação para o
trabalho.
A formação dos educandos tem um longo
caminho a percorrer. No entanto, nesse trajeto percebe-se que a família e a
escola passam por compassos e descompassos, principalmente no tocante: as estratégias,
recursos comunicativos, conteúdos ensinados e aprendidos, na organização, nas
exigências e na finalidade educativa. De quando em quando andam no mesmo
compasso, mas nas últimas décadas estão no descompasso.
É quando estão distantes, no descompasso
da ação educativa que os fracassos escolares acontecem. Muitas vezes, o
descompasso parte da família que não cumpre ou falha no seu intento educativo. Outras
vezes, o descompasso parte da escola. Esta, por ser uma instituição social e
que deveria estar atenta ás inovações e alterações sociais, mantém-se numa
posição tradicionalista. Assim enquanto a família avança a escola fica para
trás, seja na sua finalidade, nas exigências, na determinação de condutas e
posturas ou nos conhecimentos a serem transmitidos. E dessa forma ambas
promovem igualdades e desigualdades entre os sujeitos, seja por classes
sociais, raça, situação política, cultural ou religiosa. Mas também promovem
inovações benéficas para a sociedade quando concordam com a finalidade
educativa.
Há
pontos de vista diferenciados como uma instituição vê ou percebe a
outra. Nas camadas mais populares, as famílias valorizam a escola, mesmo
apresentando modos diferenciados de educação da prole. A razão desta
valorização é que a escola traz para elas a possibilidade de uma ascensão
social para os filhos. Mas, com o passar do tempo, a desesperança chega sobre
esse investimento. As dificuldades escolares aliadas à necessidade de se ocupar
com um trabalho remunerado para o sustento familiar fazem ocorrer o êxodo
escolar. As dificuldades enfrentadas pelas famílias
desfavorecidas econômica e socialmente tornam a escolarização num sonho
distante e difícil de alcançar.
Por
outro lado, a escola também tem sofrido muitas dificuldades em aceitar as
mudanças sociais e familiares e de perceber que estas mudanças exigem um novo
comportamento, tanto nas questões dos objetivos propostos quanto para as novas
exigências educativas.
Não
se pode deixar de mencionar muitas famílias não conseguem educar adequadamente
seus filhos e delegam à escola essa função. Por outro lado, a escola está abarrotada
de funções (além das de praxe) para tentar cobrir esta falha familiar. Por seu
lado, a escola se defende.
Críticas existem de ambos os lados. A escola
ataca as famílias julgando suas incertezas e omissões quanto a tarefa educativa
e as famílias atacam em reprimenda como falta de capacidade educativa da
escola. A única solução viável a ser tomada para terminar esse conflito é a de
escola e família se unirem neste momento crítico e debaterem civilizadamente os
rumos que ambas devem seguir. A escola vem tentado há algum tempo essa
aproximação, mas encontra resistência por parte das famílias
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