Os seres humanos passam por várias etapas de desenvolvimento e de inúmeras redefinições da imagem corporal. A adolescência é apenas uma delas. Já passaram por algumas e outras virão.
Cabe aos adultos compreender que os adolescentes estão numa fase de redescoberta de si mesmo, de redefinições físicas, mentais, emocionais e espirituais, o que constituem uma etapa primordial para os jovens. E essa compreensão e entendimento deve permear a árdua tarefa de educá-los. Rigidez e permissividade excessivas não dão certo.
Muitos pais se chateiam porque os adolescentes por que fazem questionamentos sobre os valores e crenças familiares aprendidos. Nesta fase, os adolescentes buscam uma identificação, algo que o torne único entre seus pares de mesma idade. E para isso, é preciso romper alguns vínculos, buscar autonomia e sentir-se seguro quanto seu modo de se perceber. E nessa busca, os conflitos são inevitáveis. Mas, não é só os valores e crenças familiares ou dos genitores que contestadas, mas os da sociedade também, já que ela segue padrões universais e coletivos.
Por isso, devem se agrupar e conviver com seus iguais. E a escola é o lugar perfeito para esse encontro por ser um local de acolhimento. Na escola, eles sentem-se mais à vontade para vivenciar e conviver com novas experiências e relacionarem-se com seus pares. Na escola, não aprendem só os conteúdos pedagógicos, mas principalmente, aprendem como enfrentar a vida que ainda está por vir.
Como aprendem sobre a vida? Comparando-se aos outros. Não é uma comparação sobre quem é mais bonito ou mais inteligente, mas comparam os valores, atitudes, sentimentos e a maneira como se relacionam com os outros. Após um tempo de comparações, tiram suas próprias conclusões e estas serão as bases que nortearão sua vida futura. São essas conclusões que dão início aos seus projetos de vida e a um código de ética próprio.
Muitos adultos chamam essa fase de “aborrecência”. Mas é porque, durante a infância e na puberdade os trataram como criancinhas. Agora já crescidos detestam serem considerados assim e desconfiam de quem os trata dessa forma. Muitos ficam ensimesmados ou adotam um grupo com o qual passam a maior parte do tempo e distantes da família. E quando chegam, as reclamações, as advertências, exigências dos pais, e muitas vezes, os castigos e agressões acontecem. Simplesmente, por falta de compreensão desta fase. Quem nunca ouviu um adolescente afirmar que “ninguém os entende”?
Muitas vezes, ao falarem com os adolescentes sobre um determinado assunto, os genitores fazem muitos rodeios ou não deixam claro o que querem, ou por não saberem como dizer ou porque se sentem envergonhados de falar sobre aquele assunto. E esta é outra coisa que detestam. Eles gostam de objetividade, clareza e honestidade. E na escola, eles encontram isso. Professores e colegas falam abertamente sobre qualquer assunto e uns respondem as dúvidas dos outros.
Normalmente, os pais se acham “donos dos filhos” ou querem que apenas a sua opinião seja respeitada. E, como todo mundo, os adolescentes gostam de ser respeitados, compreendidos e amados pelas pessoas do seu em torno. E eles têm uma porção de ideias próprias que podem ajudar na solução de muitos problemas.
Um adolescente não é um sujeito passivo ou submisso e que nada tem de bom a oferecer. Ao contrário, sua juventude os torna muito ativos, questionadores e destemidos para que possam construir novos conhecimentos e muitos potenciais a desenvolver. E, muitas vezes, os genitores nem se lembram disso, ou se lembram acabam por tolhê-los na tentativa de submetê-los a seus próprios pensamentos e desejos. E na escola isso não acontece, pois é instigado a expor suas opiniões desenvolvendo a segurança de falar em público, ao mesmo tempo que aprende a respeitar a opinião dos contrários. Ouvir o que o jovem tem a dizer é a chave da questão.
Foucault falava do “poder do afeto”. Era um conceito que defendia a respeito das relações humanas. Agir com afetividade numa relação entre pessoas de todas as idades é tudo de bom. E é tudo o que os adolescentes precisam e querem.
Pais, quantas vezes vocês ouviram o que seus filhos tinham a dizer um sobre determinado assunto? Ou vocês são daqueles que mal ele abre a boca e você logo o interrompe dizendo: “Cale a boca! Você não sabe nada”!
Afetividade não é ser meloso, beijoqueiro ou elogiar a todo momento. Mas, agir com compreensão, atenção e sabedoria. E tudo isto significa “respeito”. E se você, pai, é do tipo que o interrompe, poderia se surpreender muito com os argumentos dele.
Toda comunicação é uma troca. Pais e filhos adolescentes trocam experiências quando conversam franca e abertamente. Ambos têm bons argumentos a serem aproveitados ou, pelos menos, servem para a reflexão de ambas as partes.
O mesmo acontece na escola. Se você, professor, tem alunos que criam problemas, converse francamente com ele(s) e tenha bons argumentos. Sabe-se que bons argumentos mudam os comportamentos indesejáveis, além de serem importantíssimos para a construção do processo de aprendizagem, desenvolvendo o sensorial e a cognição (percepção, memória, interpretação, pensamento, crítica e criação) tão necessárias para aprender.
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