5-
O PATER FAMÍLIAS
Um
novo código governamental fez com que as mulheres tivessem um novo golpe em sua
liberdade: o PATER FAMÍLIAS. Por esse código, os homens se tornavam
definitivamente o “chefe do lar”.
De
modo simplificado, ser o “chefe do lar” significava que as mulheres e filhos
passavam a ser propriedade dos pais ou dos maridos e que eles tinham pleno
poder sobre a vida ou a morte das mulheres e dos filhos, caso cometessem uma
falta grave.
O
pater famílias também aumentou a idade da maioridade dos filhos de de 17 para
25 anos. Com esse aumento da maioridade, os filhos e filhas ficavam mais tempo
sob a influência dos pais.
O
pai ou os maridos administravam tudo (do andamento da casa, da educação e dos
bens familiares), cabendo às esposas a obediência das ordens do marido.
No
século XVI, em 1593, por um DECRETO DO PARLAMENTO FRANCÊS, as mulheres
francesas perderam o direito opinar, de dirigir negócios ou instituições e de
participar da política local. Como obrigações sociais, as mulheres voltavam a
condição de serviçais dos maridos, da casa e dos filhos. Vale lembrar que
naquela época, o que acontecia num país era copiado por todos os outros países.
6-
A MEDICINA
A
Medicina também contribuiu para a desvalorização das mulheres. Ao longo dos
tempos, sempre houve quem cuidasse dos doentes, que conhecessem ervas naturais
que agiam como remédios etc.
Qualquer
doença, mesmo as mais simples como uma febre ou dor de garganta, era curada com
as famosas “sangrias”, ou seja, deixava-se o sangue escorrer do corpo por meio
de um corpo numa das veias do braço. Isto
porque os conhecimentos sobre os corpos humanos e de alguns sintomas eram muito
pequenos. Conhecia-se pouco o corpo humano por dentro. E os estudos feitos até
então, eram realizados com cadáveres. Portanto, não conheciam o funcionamento dos
órgãos. E somente eram permitidas as dissecações em corpos masculinos, retratados pinturas de pintores famosos.
Portanto, não conheciam os corpos ou os órgãos femininos. Tanto
a Medicina como a Igreja acreditavam que os corpos femininos eram obscuros, enigmáticos e cheios de mistérios no qual Deus e o Diabo
tentavam conquistá-lo. Daí ,a proibição da dissecação.
Do
corpo feminino, os médicos conheciam apenas a “madre”, nome dado ao órgão que
gerava a vida humana, ou seja, ao útero (como é conhecido hoje). Para eles, a madre
era um receptáculo sagrado com a função da procriação. Um lugar onde Deus fazia
frutificar a vida que o homem colocava na mulher. No entanto, por serem frágeis
e vulneráveis às ações demoníacas e por não poderem gerar sem a participação do
homem, as mulheres estavam sujeitas a várias doenças como a angústia, a
histeria, a loucura, a ninfomania.
7-
A HERESIA
No
final da Idade Média Clássica e na etapa seguinte, a Igreja Medieval se
reergueu novamente e se firmou como uma grande e influente instituição. A
autoridade do Papa e de seus representantes voltou a ser indiscutível e suas
decisões eram aceitas, apoiadas e rapidamente aplicadas pela sociedade
masculina.
Arquitetonicamente, as Igrejas Medievais eram belíssimas. Por dentro, enfeites nas paredes e altares, candelabros e instrumentos religiosos feitos em ouro maciço. Pura ostentação de seu poder.
Assim
como a misoginia nada tinha a ver com as práticas religiosas ou da doutrina
cristã, o reerguimento da Igreja também não tinha. O motivo dessa “volta por
cima” da Igreja estava baseado nos
interesses particulares dos membros da Igreja, que era o de conseguir o
maior número de terras e riquezas possíveis. E para isso, precisavam arrebanhar
e influenciar o maior número de pessoas que colaborassem nessa conquista, por
meio de doação de privilégios.
Mas,
mesmo com toda a diplomacia do clero, uma parte da população arrebanhada,
passou a desconfiar e a discutir os propósitos pelos quais a Igreja ficava cada
vez mais rica, enquanto a população ficava cada vez mais pobre. A população
vivia de modo miserável mesmo.
A
Igreja percebeu isso e passou a usar uma prática chamada HERESIA, ou seja, é
quando uma pessoa (ou um grupo) expressa uma ideia contrária sobre a doutrina.
Mas não era isso que estava acontecendo. As pessoas não estavam contra a
doutrina, mas a forma como a Igreja vinha acumulando suas riquezas.
Para
evitar que o povo não se manifestasse contra o que a Igreja estava fazendo, os
chefes da Igreja mandavam prender essas pessoas. As cadeias estavam ficando
lotadas e as pessoas continuavam criticando. Sinal que somente a prisão não
estava surtindo efeito. Os padres então permitiram que os presos fossem
torturados para servir de lição aos outros. Depois os soltavam. Mas também não
resolveu.
Era
preciso uma atitude decisiva, que impusesse medo e respeito indiscutível à
Igreja. Então, o Papa e seus representantes resolveram criar uma espécie de
tribunal para julgar esses casos. E esse tribunal foi chamado de “Santa
Inquisição”.
Esse
tribunal, formado por bispos, arcebispos e duas ou três pessoas influentes da
Igreja (claro), que percorreria toda a Europa quando alguém era denunciado e
sua função era a de investigar, julgar e punir os culpados.
Mas
não era isso o que ocorria. Mesmo se declarando inocência e explicando com
todas as letras os motivos pelos quais não deviam estar presos, as palavras do
preso eram deturpadas ou modificadas a favor da Igreja. Isto quando o sujeito
tinha a chance de se explicar.
Algumas das muitas formas de tortura aplicadas aos hereges.
Muitos
sofreram tantas torturas que confessavam qualquer coisa, apenas para se
livrarem das dores. Outros tantos, mesmo confessando-se inocentes eram julgados
porque inventavam provas ou por qualquer outra coisa. Ninguém saia livre desse
tribunal. E a punição era sempre o confisco dos bens e a morte do denunciado.
E
desta vez, o povo ficou com medo. Claro, não é mesmo? E as práticas da heresia
continuavam fazendo novas vítimas, agora, como norma da Igreja.
Essa
prática chegou a tal ponto, que bastava um pequeno deslize (por exemplo, fazer
um chá de uma erva desconhecida pela maioria e dada a um doente) ou uma conduta
incompreendida (como dar de comer ou recolher um gato preto ou tê-los como
animais de estimação) para que homens e mulheres fossem denunciados hereges por
familiares, vizinhos ou pessoas amigas.
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