Desde os primórdios da humanidade, os banhos nunca foram diários. Os povos nômades
precisavam de um rio e tempo quente para se banharem. Na antiguidade, com a
formação das cidades e a aproximação das pessoas a higiene melhorou um pouco e
os banhos passaram a ser públicos e semanais.
E foi assim por muito tempo. Mas, um fato
sério ocorreu na Idade Média, a partir do século XIV.
A
Europa foi assolada por uma pandemia durou por volta de 50 anos. A peste
bubônica (ou peste negra, como ficou conhecida) não escolhia ninguém para
atacar. Ricos e pobres, nobres e plebeus estavam sob a mira da peste.
Sem
saberem mais o que fazer para dar um fim a esta pandemia, os médicos culparam a
água de ser o agente transmissor dos efeitos nocivos da doença que assolavam as
populações. Diziam que os corpos molhados pelos banhos quentes ou mornos abriam
os poros, facilitando a entrada dos bacilos transmissores. E recomendavam que
os banhos fossem evitados.
Isto
se tornou num grave problema para a aristocracia e classes mais abastadas. Para
resolver este problema, os aristocratas inventaram uma forma de driblar a
sujeira corporal e manter a boa aparência sem usar a água. A solução foi misturar algumas ervas. E
inventaram os cosméticos que eram usados no rosto, colo e mãos.
Com
a sujeira provocada pela falta de banho, os cabelos viviam infestados por
piolhos e eram escondidos pelo uso de perucas. Para evitarem as famosas
“coceiras” passavam desinfetantes e purificadores. O povo, infelizmente, se
acostumou com a sujeira. E este costume permaneceu por uns três séculos após a
pandemia ter sido debelada.
Com
a rebeldia das mulheres com relação a amamentação, elas também se rebelaram
contra a sujeira corporal. Passaram a cuidar do corpo, dos cabelos, das roupas
e do ambiente. Nascia uma nova mulher e com ela, uma revolução nos costumes.
Com
a chegada da nova era, uma nova concepção de corpo e de seus cuidados foi criada.
Foi uma verdadeira revolução dos costumes, não só do corpo, mas do ambiente
também. Cresceu o interesse pelo banho semanal e pela troca mais frequente das
roupas íntimas. Surge, então, os cuidados (quase obsessivos) com o corpo e com
o ambiente. E estes costumes passaram a ser fundamentais.
Até este momento, a beleza natural era o
que definia uma pessoa da outra. A partir do século XVII, surge o primeiro
padrão de beleza reconhecido mundialmente. Ser bonita era ter um corpo roliço, formas
suaves, quadris largo e seios fartos conquistados com boa alimentação, possuir
uma gordura saudável que, aliás, era atributo dos mais abastados. A pele devia
ser branca, tida como símbolo de pureza, de castidade, de feminilidade.
A magreza, as peles mais escurecidas pelo
sol, marcas de cicatrizes na pele do rosto eram sinônimos de feiura, de pouco
saudável, sinal de pobreza e de descuido. Esse modelo de beleza física e
feminina era espelhado no Renascimento. Assim, todas as mulheres daquela época
queriam ou se esforçavam para serem belas e mostrarem-se com ares saudáveis
para se encaixarem dentro.
O
uso de pinturas faciais e o uso de cremes ajudava nessa diferenciação entre as
próprias mulheres, deixando evidente o gosto e a personalidade de cada uma. E a
partir de então, as mulheres passaram a ser “escravas” dos padrões de beleza.
Não mediam esforços, nem sacrifícios para serem consideradas belas. Por
exemplo, ficavam várias horas ao sol com o rosto, colo e braços cobertos para
clarear os cabelos. Outras, arrancavam no todo ou em parte as sobrancelhas e os
cílios, para desenhá-las mais finas com um lápis de carvão, porque os cílios e
sobrancelhas grossas era considerado antiestético. As magras comiam loucamente
para que ficassem mais roliças e as obesas, deixavam de comer. Todas queriam
melhorar sua aparência e corrigir ou contornar os defeitos reais ou
imaginários.
AJUDA
OU PROBLEMA?
O uso dos cosméticos foi uma salvação e
também um problema para as mulheres, principalmente, para as das classes mais
pobres. As mais ricas encomendavam perfumes e cosméticos nos boticários
(químicos da época). Mas as pobres não tinham dinheiro para isso e também
queriam ser consideradas belas. E por que não?
As mulheres mais pobres faziam cremes
caseiros. Misturavam uma porção de ervas e outras substâncias com elas faziam
uma pasta. No entanto, usavam ervas ou substâncias, algumas nocivas, que
reagiam quimicamente entre si ou em dosagens muito maiores que o indicado. O resultado
eram queimaduras, sérias alergias, cicatrizes feias, manchas nos dentes etc. E
o que era para ficar bonito, acabava ficando feio e, muitas vezes, para sempre.
Lógico
que a Igreja e a Medicina interferiram novamente. A Medicina afirmava que a
maquilagem “tirava a humanidade do rosto
das mulheres”. E a Igreja afirmava de que as mulheres ficavam “irreconhecíveis aos olhos de Deus”. Para explicar o despreparo nas misturas de
substâncias e a necessidade de se sentirem belas, a Igreja passou a afirmar que
“estas misturas eram coisas diabólicas e
preparadas com rituais de feitiçaria”, por isso, em vez de embelezar
marcavam as mulheres com a feiúra. Por isso, conhecemos as bruxas desta forma:
Outra mudança radical se refere ao
vestuário. Se desde os primórdios o vestuário femininos eram muito parecidos. Agora
as vestes passavam a valorizar os contornos femininos. A partir deste momento, as
mulheres passam a se vestir para agradar a si mesmas. Outra forma de rebeldia
ou formação da autoestima? Quem sabe? O fato é que a vaidade feminina fora
despertada. E mais uma vez, as mulheres se tornam “escravas” dos modismos. As
mulheres passaram a se vestir com mais elaboração e cuidado embora houvesse um
padrão a ser seguido e que era respeitado por todas.
Essas mudança vão além da beleza física e da moda. Ela atingiu também o comportamento feminino e a maneira de pensar das sociedades. Como comportamento, o fato de se sentirem belas refinou os gestos e os movimentos que passaram a ser mais leves, delicados e harmoniosos. O que era visto com “encantamento ou feitiçaria” contra a população masculina.
fonte: imagens Google
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