Disse
Igrejas (no plural) no título desta postagem, porque neste ponto da história,
existem duas Igrejas disputando para quem seria a mais poderosa. De um lado a
Igreja Católica, já estruturada há séculos e sempre querendo ser a mais
poderosa que em outras épocas. De outro lado, a Igreja Protestante (fundada por
Martinho Lutero) e seus seguidores que queria se afirmar como religião e ser
tão importante quanto a primeira.
A
principal rivalidade entre elas, não estavam nos dogmas. Mas nas atitudes como
cada uma pensava e agia diante dos diferentes assuntos do cotidiano. Por
exemplo, a Igreja Católica pregava o celibato dos monges. Já na Igreja Protestante o celibato estava extinto.
Apesar
da imposição da Igreja em toda a Europa, homens e mulheres mantinham uma certa
liberdade sexual, principalmente na nobreza e nas classes sociais mais ricas.
O sexo era visto como um desejo natural dos humanos, portanto, não era
“pecado”, nem “algo a ser proibido”, nem estava ligado a “práticas ou rituais
demoníacos”. No entanto, as classes sociais mais baixas mantinham as relações
sexuais somente após o casamento. Em alguns países europeus, como por exemplo a
França, os municípios davam a maior força para a manutenção dos bordéis.
Porém,
devido a uma epidemia de sífilis, ocorrida no final dos anos de 1500 (século
XVI), os bordéis ficaram mau vistos. E os maiores críticos dos bordéis foram:
as reformas religiosas protestantes, a preocupação da Igreja Católica em não
perder o poder que sempre teve e do início da formação dos primeiros reinos
absolutistas.
Quando
a caçada às bruxas terminou, as Igrejas católicas e protestantes precisavam de
um motivo para se manterem no poder. As primeiras, para manterem suas
conquistas e as segundas, para se firmarem. Os reis absolutistas agradavam
a ambas para conseguirem aliados para seus intentos. Portanto, a epidemia veio a
calhar. E a sexualidade foi um verdadeiro “prato cheio” para suas intenções.
Católicos
e protestantes se uniram e se apressaram em escrever um documento sobre o
assunto: o
MALLEUS
MALEFICARUM. Segundo
esse documento, composto de vários artigos, os cleros de ambas as Igrejas
explicavam o seguinte:
a)
Que Deus permitia que o demônio fizesse muito mal aos homens com a finalidade
de arrebanhar o máximo de almas possíveis.
b)
E que esse mal era feito por meio do corpo, onde o demônio tinha, como único
acesso, à alma dos viventes. Sendo assim, o espirito era governado por Deus e a
vontade era governada pelos anjos. O corpo era governado pelas estrelas. E como as estrelas
eram inferiores a vontade e ao espírito, ao demônio só lhe restava o corpo para atingir a alma.
c)
Para dominar o corpo, o demônio se valia dos atos sexuais, apropriando-se do
corpo e da alma dos homens. Afirmavam ainda que o pecado original cometido por
Adão e Eva fora causado pela sexualidade, que era o ponto mais vulnerável de
todos os homens.
d) Que a sexualidade estava diretamente ligada às mulheres e, por isso mesmo,
serviam de agentes do demônio por terem mais conivência com ele. E que Eva, tendo
saído de uma costela torta de Adão, “nenhuma mulher poderia ter
uma conduta reta”.
e)
Que a primeira e a mais importante característica das mulheres era a de
“copular com o demônio”. Portanto, Satanás era o “senhor dos prazeres carnais”. Por isso, como faziam as feiticeiras, as mulheres eram capazes de desencadear inúmeros males aos homens, tais como: a
impotência masculina, as paixões desenfreadas, os abortos, além da oferenda de
crianças ao demônio, estragos na colheita e doenças nos animais.
f)
Que o prazer sexual praticado pelas mulheres (novas bruxas) era um pecado não
só contra os homens, mas também contra Deus e o próprio Cristo. Portanto, um
crime hediondo e imperdoável, passível de tortura e morte para o resgate de suas
almas.
Diante
de tal documento, os reis absolutistas passaram a passaram a criar leis que
puniam com mais rigor os casais que sentissem prazer nas relações sexuais.
Alegavam ainda, que quem denunciassem o companheiro (a) teria sua pena reduzida
como uma forma de vigilância dos costumes.
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