Em
1600, as famílias das mulheres dos grandes centros urbanos precisavam juntar um
bom dote (uma quantia em dinheiro) se quisessem se casar. Esse dote era dado ao
futuro marido para que o casamento acontecesse. No entanto, esse costume não
era aplicado nas aldeias ou vilarejos porque todo mudo era muito pobre e, mesmo
trabalhando, mal dava para o seu sustento.
Para
garantir uma vida um pouco mais confortável, as mulheres casadas faziam
produtos artesanais e percorriam grandes distâncias até os centros urbanos,
para venderem seus produtos nas feiras ou no comércio local. Mas a produção era
muito pequena e ganhavam muito pouco.
Em
conversa com outras artesãs, resolveram organizarem-se em grupos. O primeiro
deles foi o das rendeiras. Esse grupo arrumou uma casa (a casa comunal),
organizou um grupo de mulheres rendeiras e ali viviam, trabalhavam e se
ajudavam aprendendo umas com as outras. Faziam grandes quantidades e de tipos
variados e, com isso, garantiam preços melhores pela venda dos produtos. A
renda obtida era dividida igualmente entre as artesãs, que por sua vez,
colaboravam com a alimentação e na manutenção da casa.
Alguns
conventos também ofereciam cursos gratuitos de renda à moças jovens sem família
ou com família que vivesse longe dos grandes centros. Mas para ficarem aptas
para uma produção comercial levava muitos anos.
Assim,
quando essas moças conseguiam seus primeiros empregos, as freiras tiravam uma
parte do salário delas afirmando ser uma contribuição para formar os dotes.
Por
outro lado, algumas moças solteiras e mulheres casadas, aventuravam-se em
trabalhos nas industrias, embora recebessem salários irrisórios por seus
serviços, enquanto os produtos têxteis eram vendidos a preços muito caros. Mas
na indústria, a única forma possível ganhar mais era a de serem “puxadoras”, ou
seja, tinham a tarefa de puxarem caixas cheias de tecidos de um lugar para
outro dentro da empresa. Era um trabalho pesado, que lhes garantia um salário
melhor, além de adquirirem boas experiências no trabalho industrial.
Essas
operárias (e não importava se fossem feias, bonitas e solteiras), eram sempre
muito cercadas por rapazes aprendizes de uma função industrial. Mas esse cerco
tinha um interesse pessoal. Não, não era por simpatia, amizade ou paixão. O
interesse era bem outro. Eles queriam que elas custeassem suas cartas de mestre
industrial ou formassem uma oficina para eles ou ainda contribuíssem para o
funcionamento de uma já existente. O dote
fazia qualquer moça ser a “candidata
perfeita para o cargo de esposa”.
Dois
grupos não faziam parte da construção do dote. O primeiro era o das artesãs.
Ganhavam pouco, viviam nas aldeias ou vilarejos e casavam-se muito cedo. Assim,
o dote não fazia sentido. O segundo, o grupo pobre dos grandes centros porque
as mulheres entendiam que era mais importante ter uma profissão do que um dote.
E fazia sentido.
De
vez em quando, as indústrias entravam em crise financeira. Nesse caso, uma ou
duas gerações ficava sem o emprego. Neste caso, voltavam ao artesanato, ao
trabalho doméstico ou à agricultura.
Um
trabalho essencialmente feminino eram as atividades voltadas para a moda, como
por exemplo, a fabricação de chapéus, de luvas ou capas. Mas este era um tipo
de trabalho considerado como “trabalho de
indigentes”. Afinal, se a mulher era um “nada”, por que e para que fazer
coisas para elas? Quem trabalhava neste setor era muito mal remunerado, embora os proprietários tivessem bons lucros.
As
moças que trabalhavam neste ramo tinham que abandonar suas casas e famílias e
ir morar na casa dos patrões. Quando chegavam lá, não haviam acomodações
adequadas para se alojarem. Dormiam em qualquer lugar: debruçadas sobre uma
mesa, sobre um tear ou num banco qualquer. Nas refeições, comiam o que lhes era
servido, pois não tinham o direito de escolha. O que sobrava do salário, além
dos descontos de moradia e da refeição, era administrado pelos patrões como
forma de “acumulação de dote”. Ou seja, era um trabalho de escravidão
disfarçado de legalidade.
A
função do patrão era semelhante a função do pai, pois as jovens ficavam sob sua
responsabilidade. As moças não desfrutavam de sua independência, apesar de
trabalharem, acumularem o dote, tinham por obrigação a obediência e o respeito
ao patrão. Como se pode perceber, a vida das mulheres nunca foi fácil em tempo
algum. O trabalho começava cedo e seus futuros eram só de incertezas.
Por
outro lado, as mulheres independentes (e que não dependiam de nenhum homem)
sofriam o desprezo da sociedade. Algumas que obtinham êxito e juntavam um bom
dinheiro casavam com homens igualmente de posses e tinham uma vida
satisfatória. Mas estas, eram uma pequena parcela da população trabalhadora.
Outras
não tinham tanto êxito e conseguiam acumular uma pequena soma em dinheiro e
mantinham uma vida modesta com seus maridos. A verdade é que estas formavam uma
grande maioria, que não conseguiam acumular dinheiro algum e continuavam
vivendo uma vida de pobreza.
As
que nasciam, cresciam e continuavam vivendo na miséria, não recebia uma
educação mínima, nem para conseguirem um trabalho de indigentes. Muito menos de
conseguirem um trabalho de faxina nas casas das “senhoras” da região urbana. Estas
morriam cedo vitimadas por doenças ou pela fome.
Há
pouco a se dizer sobre a Idade Moderna, a não ser que as mulheres sofreram
muito em todas as classes sociais. Como dizia Foucault, as mulheres sempre
estiveram cercadas por um panóptico (uma forma de prisão ou enredamento) da
qual não conseguiam enxergar uma saída para melhorar sua condição.
fonte de imagens: Google
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