Apesar de terem conseguido
alguns direitos por conta das manifestações, o trabalho continuava na mesma:
muitas horas, salários baixos, patrões autoritários e exploradores. E o voto
feminino custava a não ser permitido e as mulheres e suas famílias foram pressionadas
de todas as formas.
Aos poucos, as mulheres
começaram a perceber que a vida familiar e a vida profissional pareciam não
combinar. E sobreviviam às custas de um sobre o outro de forma que, ou
trabalhavam e se descuidavam da família ou ocorria o contrário. Desanimadas com
a situação, a vida ia sendo pouco a pouco delimitada.
As pressões (urbanas, econômicas,
científica, institucional e trabalhistas) modificaram as populações tornando-as
mais flutuantes e os matrimônios passaram a ser regidos por essa flutuação.
Porém, a sociedade de mercado se tornou mais efervescente e liderada por empresários
arrojados que faziam de tudo para atingirem novos patamares rumo a um futuro
promissor. Mas não era nada fácil. Houveram muitos espinhos, dores, tragédias e
muita sujeira também. As mulheres, esperançosas, ansiavam por esse futuro. Um mundo
idealizado que custava a chegar.
E enquanto esperavam criava-se
um novo sistema de pensamento influenciado pela Psicanálise de Sigmund Freud,
cujo centro era o sexo e a sexualidade. E com esse pensamento surge a grande mudança
progressiva no comportamento, mas que só se verificou no século XX.
O primeiro comportamento
mudado lentamente foi a criação de mentalidade sobre a família e da relação
conjugal. Por meio dessa conscientização os filhos se
ligavam aos pais e aos irmãos pela biologia e pela hereditariedade. Com esse
novo modo de pensar, a família passou a ser entendida como uma instituição
indestrutível, enquanto o casamento, podia acabar a qualquer momento já que não
havia laços sanguíneos envolvidos entre maridos e mulheres.
O casamento dentro desse novo
conceito cultural, religioso e sexual adquiria um conceito mais amplo e
moderno: o de união estável. Portanto, desde que duas pessoas (de sexos iguais
ou diferentes, legalmente casados ou não) que vivessem diariamente sob o mesmo
teto numa relação afetuosa e amorosa, esta relação podia ser chamada de
casamento.
Os filhos bastardos deixaram
de existir, porque os pais passaram a assumir as suas responsabilidades
extraconjugais. Além do mais, as mães sempre ficavam mais oneradas fosse pelo
abandono do lar ou pela “desonra” de ter um filho “bastardo”. Além da morte
natural, só o desquite permitia uma demanda investigatória de paternidade.
A segunda grande mudança no
comportamento da época, diz respeito a escolaridade da população. No século
XIX, mesmo com as melhores expectativas, apenas 12% da população mundial era
alfabetizada e, que nesse índice estavam inclusos homens e mulheres.
No entanto, em épocas
anteriores, 88% nunca tiveram a oportunidade de acesso à educação escolar. Não
sabiam nada de suas próprias existências quanto mais da existência do mundo que
estava à sua volta. Tudo o que sabiam deles e dos outros estava baseado nas
suas próprias experiências (e que eram poucas) e do fruto de sua própria
imaginação.
Mas nem tudo eram espinhos.
Dos 12%, 2 a 3% formavam a elite letrada (literários, médicos, juristas,
enfermeiros, industriais, professores etc) e considerados como “mentes geniais”. E eram eles quem
lideravam uma revolução que fez surgir a “sociedade
de mercado” nova e efervescente que, por sua vez, fez o mundo levantar voo
e chegar a patamares inimagináveis.
A urbanização consolidou a organização
dos movimentos sociais e esse modus vivendi de total desapego se mostrou
perigoso ao Estado. Campanhas reforçaram o valor da estabilidade, do casamento,
de quartos separados, de sexos separados, de camas individuais, de famílias em
casas separadas com no mínimo dois quartos, etc. Camadas isoladas da sociedade se
opunham ao veiculado. E tudo que era liberado anteriormente visava, agora, um
controle de proximidade e da possibilidade da visualização do ato proibido,
como era a masturbação. É verdade que, em menos de um século, a humanidade passou
por muitas sujeiras e tragédias para encontrar um novo rumo.
IMAGENS: Google
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