OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A HOMOSSEXUALIDADE NA VISÃO DE JUNG

Algumas considerações devem ser feitas antes de tratarmos do tema central desta postagem. Muitos leitores talvez nunca tenham ouvido falar de Jung ou de nunca terem entrado em contato com sua obra. Vou tentar ser o mais breve possível e de assuntos que interessam ao tema.

QUEM FOI JUNG?

Seu nome era Carl Gustav Jung. Foi um psiquiatra suíço e viveu entre os anos de 1875 a 1961. Foi aluno de Freud e ousou divergir das ideias do mestre. Estudou muito, comprovou seus pensamentos em várias culturas desde as mais primitivas até as mais avançadas e depois as colocou em vários livros. Fundou a Psicologia Analítica baseada numa teoria complexa e profunda, porém sempre muito atual. Jung foi um homem com uma visão de mundo e de pessoa muito além do seu tempo.

A TEORIA JUNGUIANA

Para Jung, além do corpo físico, os seres humanos são dotados de psique (termo grego que significa “alma”). Mas, uma psique não tem nada de mística ou religiosa. Apesar de invisível, seus efeitos da psique ou alma podem ser observados através dos comportamentos humanos. A psique, para Jung, era composta de duas partes: a consciência e o inconsciente. E cada uma com suas subdivisões. A consciência ocupa um pequeno espaço e seu centro é o ego ou eu.

Ego (Eu) é a consciência do ser individual e íntegro que cada um de nós é. Também da consciência de que somos seres sociais e de que precisamos nos relacionar com nossos semelhantes.


Um outro ponto importante da consciência é a “persona”. Uma espécie de máscara invisível, mas que nos permite viver em sociedade e nas mais diversas situações. Assim adotamos as máscaras de filhos, de pai ou mãe, de netos, de alunos, professores, dentistas, médicos etc e nos comportamos como tais.

Já o inconsciente ocupa um espaço imenso. A consciência seria uma pequena parte imersa no inconsciente, como uma pequena ilha num oceano qualquer. 

                                                Ilha = consciência, 
                                                     azul claro = inconsciente pessoal, 
                                                     azul escuro = inconsciente coletivo.

A parte do inconsciente próxima da consciência, fica o “inconsciente pessoal”, ou seja, cada pessoa tem seu inconsciente particular onde deposita os acontecimentos indesejáveis que pretende esquecer. O restante do imenso espaço é ocupado pelo “inconsciente coletivo”, ou seja, memórias do processo evolutivo da espécie humana e que está presente em todas as culturas.

É nesse inconsciente coletivo que vagam os “arquétipos”, que nada mais são do que pontos de energia viva e autônoma em forma de imagens. Os arquétipos parecem adormecidos. Mas, basta uma pequena ação humana para que se ativem e passem a influenciar, positiva ou negativamente. o comportamento dos indivíduos.


Um desses arquétipos interessa particularmente para tema desta postagem. É o arquétipo de ANIMA e ANIMUS, que influencia diretamente no comportamento de cada homem e de cada mulher.

Cada pessoa tem uma imagem arquetípica do que é ser homem ou do que é ser mulher. Quando alguém pede para descrevermos o homem dos nossos sonhos, o descrevemos como másculo, forte, viril, racional, enérgico, eficiente, provedor e protetor. Quando descrevemos uma mulher, o fazemos como delicada, sensível, dependente, submissa, amorosa, maternal e frágil. Por que? Porque era assim no nosso antepassado mais remoto e estava em jogo a sobrevivência da espécie. O tempo passou, as coisas mudaram, mas a imagem arquetípica continua a mesma.

SOBRE ANIMA E ANIMUS

Segundo a teoria junguiana, anima e animus são opostos que coabitam o mesmo arquétipo. Anima influencia o comportamento feminino e animus, o comportamento masculino. Por essa razão, o nosso consciente só admite que os seres humanos se diferenciem como homens e mulheres de acordo com as diferenças físicas presentes nos órgãos sexuais. O consciente não leva em conta as fortes influências da psique e dos arquétipos.

No entanto, homens e mulheres são participantes do mesmo inconsciente coletivo e estão sujeitos a influência de anima e de animus ao mesmo tempo.

E se considerarmos a forma como a psique, os arquétipos, suas influências e como os opostos atuam (quando um está mais presente anula o outro) sobre os comportamentos humanos e, em especial, na questão da sexualidade, podemos dizer que os seres humanos estão divididos em quatro categorias: 1- homem com influência de animus; 2- homem com influência de anima; 3- mulher com influência de anima; 4- mulher com influência de animus.

Quem se lembra de uma música antiga e muito popular, “FEMININO E MASCULINO”, composta e gravada por Pepeu Gomes? Só para ilustrar, um trechinho dessa música:

“Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...”

E esse trecho explica claramente o efeito de anima e de animus. Como participante do mesmo e único inconsciente coletivo, homens e mulheres recebem a influência tanto de anima quanto de animus, porem em graus diferentes. Assim, se o corpo masculino tem como influência psíquica do arquétipo de animus e o corpo feminino, o de anima, o ego o identifica como homem ou mulher. 


A consciência aceita numa boa e suas personas ou máscaras sociais se comportarão adequadamente (como homens ou mulheres) nas mais diversas situações do cotidiano. Não haverá conflitos. Sexualmente, um buscará no sexo oposto ao seu, as qualidades que lhe faltam e que estão presentes no oposto anulado. Então os classificamos como heterossexuais.

Mas, e quando um corpo masculino é influenciado por anima e o corpo feminino é influenciado por animus? Aí então, a consciência entra em conflito. Como a presença do arquétipo é muito forte, o ego não reconhece e não aceita o corpo físico. Se tem anima como predominante, o corpo masculino se torna estranho e incompatível com as qualidades de anima. O mesmo acontece com animus num corpo feminino. As personas também não adequam os comportamentos. Assim encontramos homens com atitudes e comportamentos femininos e mulheres com atitudes e comportamentos masculinos. Sexualmente, buscarão as qualidades que lhes faltam em pessoas do mesmo sexo e que completam o oposto anulado.


Por que não procuram do sexo oposto? É o que fazem. Mas essa busca não está no sexo do corpo físico (órgãos genitais), nas no corpo da psique e do arquétipo anulado. Então, chamamos essas pessoas de homossexuais.

Quando Jung explicou esta teoria, o mundo científico quase veio abaixo. Uns aceitaram logo, outros ignoraram a teoria. Estes últimos, também ignoraram Jung chamando-o de louco. E como Jung dizia que toda loucura tinha um fundo de verdade, não se incomodou em ser considerado assim. Por isso, suas teorias, estudos e pensamentos só se tornaram conhecidos após sua morte.

Será que era loucura de Jung ou algo que se vê constantemente? Seria Jung um louco ou alguém com uma visão além do seu próprio tempo? Aceitar ou não esta teoria fica a cargo de cada um. Eu só escrevi o que entendi da teoria.


terça-feira, 11 de agosto de 2015

FREUD E A HOMOSSEXUALIDADE


Sigmund Freud foi um psiquiatra e neurologista austríaco que descobriu que além do corpo havia algo a mais que determinava a nossa vida: o psiquismo. Estudou-o e descobriu o inconsciente e deu a ele um caráter científico. Com essas descobertas desenvolveu a teoria da mente e do comportamento humano, que muitos seguem até hoje. Por isso, foi considerado o “Pai da Psicanálise”. Para Freud, tudo o que fazemos estava ligado a uma questão sexual, uma força que ele chamou de “libido”. E o que ele disse sobre a homossexualidade?

Freud achava que discutir sobre as causas da homossexualidade era semelhante a se questionar as causas da heterossexualidade. Dizia que o interesse exclusivo de um homem por uma mulher era uma questão que precisava de esclarecimento que não havia nada que comprovasse que esse interesse estivesse baseado apenas numa atração com base química.

Freud argumentava que as críticas à homossexualidade baseada na premissa de que não tem finalidade reprodutiva, não levava em conta os inúmeros casos em que os próprios heteros praticam e que não possuem finalidade reprodutiva, como por exemplo, uso dos métodos anticonceptivos, o sexo após a menopausa, o sexo fora do período fértil, o sexo com parceiros inférteis, o sexo oral ou o anal, a masturbação etc. Para ele, o sexo é um instinto. Incorreto e incoerente seria afirmar que os instintos teriam um objetivo. No caso, o instinto sexual seria a obtenção do prazer e não a reprodução.

Outro ponto que gera discussão é um trecho da teoria freudiana que trata do “Complexo de Édipo”. Para ilustrar e se fazer entender nesse acontecimento, Freud se valeu deste mito grego:

Laio era um homem feito e rei de uma localidade, que se apaixona por Jocasta, nos primeiros anos da adolescência. Casam-se e pouco depois, nasce Édipo. A localidade onde vivem está em guerra e para preservar a vida do filho ainda bebê, Laio o manda para longe. O tempo passa e a criança cresce sem conhecer o pai e a mãe biológicos. Édipo é agora um rapaz forte e belo, que viaja pela Grécia. Numa das estradas, encontra outro viajante. Eles entram em discussão por questões políticas, brigam e Édipo acaba matando-o. Ao chegar na cidade, Édipo conhece Jocasta, já mulher feita, mas ainda jovem e bonita. Apesar de ser bem mais velha que Édipo, ele se apaixona por ela e ambos firmam um romance. Numa conversa entre eles, Édipo descobre que o viajante que matou era seu pai biológico”.

Segundo essa teoria, todas as crianças (dos 4 aos 6 anos) passam por esta fase, e se ligam ao progenitor do sexo oposto. Não para ter com ele uma relação sexual, mas para comparar e se descobrir como pessoa. E para isso, passa a copiar os trejeitos e comportamentos do progenitor do seu sexo. É assim que, segundo essa teoria, as meninas aprendem os comportamentos femininos e os meninos, os comportamentos masculinos. Aprendidos esses comportamentos se afastam novamente dos progenitores.

O mito de Édipo e a realidade tem sentidos diferentes. Mas, como para Freud a libido tinha uma conotação sexual, as pessoas traduziram suas obras, a interpretavam e continuam interpretando do jeito que querem ou entendem. Em muitas traduções aparece a palavra “apaixonar” em vez de “encantar”.

Assim, com pais ausentes e mães super-presentes, as pessoas passaram a achar que o homossexualismo poderia surgir daí. Mas, nos dias de hoje, quantos pais (viúvos ou separados) não assumem a educação de suas filhas? E quantas mães (em igual situação) não assumem sozinhas a educação de seus filhos? Se fosse uma regra, as filhas seriam lésbicas e o filhos, seriam gays? E isto acontece? Não, porque a figura feminina ou masculina, pode ser substituída por outra pessoa (avó, tia, irmã mais velha, uma amiga ou madrasta e vice-versa).

Por outro lado, alguns grupos contrários ao homossexualismo citam o Complexo de Édipo como se fosse algo pecaminoso, como uma doença ou coisa parecida.

Freud escreveu e publicou inúmeros livros numa época em que a cultura mundial era conservadora e tacanha. Mas nunca afirmou que o homossexualismo era pecado ou doença. Ao contrário, sempre defendeu a homossexualidade como algo natural e que eles não deveriam ser tratados como doentes.


Um outro ponto que os grupo combatentes ao homossexualismo se apegam é quanto ao “sexualismo desviante”, também parte da teoria freudiana. Segundo Freud, este é um problema ligado ao como o imaginário cultural do ocidente lida com a sexualidade, definindo o que para determinada cultura é normal ou doentio. Como a imaginário ocidental segue os preceitos judaico-cristão, tudo o que foge dos padrões desse preceito é “doentio”.

Muito se tem discutido, analisado e avaliado cada ponto dessa teoria. Menos um: o das ideias de Freud sobre a homossexualidade. Estamos no século XXI, e vemos tudo evoluir. Mas o imaginário ocidental continua o mesmo. Como nos livrarmos dele para mudarmos para outro mais evoluído. Mais positivo e mais real?

Em 1920, Freud assume uma posição muito clara em relação ao homossexualismo e declara que não é função da Psicanalise acabar com a homossexualidade. O máximo que pode fazer é tentar explicar seus mecanismos. Para Freud, os mecanismos psíquicos nos direcionam para a escolha de um objeto amoroso por caminhos formados por disposições pulsionais e que isto funciona para todo mundo e em todos os sentidos.

Freud, em seus últimos livros revoluciona sua própria teoria e nos traz um novo conceito: o da psicossexualidade. Ele afirma que a pulsão sexual não tem um objetivo fixo como no instinto sexual dos animais. Ao contrário é anárquico, diversificado, e singular e plural ao mesmo tempo, e tem o poder de se manifestar de inúmeras formas e por inúmeras vias. Freud desvincula a sexualidade dos órgãos genitais afirmando que a sexualidade vai além desses órgãos.

Com essa afirmação Freud dá a sexualidade uma amplidão maior. Principalmente, quando afirma que o prazer é sua função principal e que a reprodução é uma função secundária. E na medida em que ele afirma que as pulsões integram nosso psiquismo, o conceito do que é normal ou anormal deixa de existir. O termo “amor” ligado aos impulsos sexuais afetuosos e amistosos é quem determinam a escolha do objeto sexual.

Para Freud, a homossexualidade não pode causar estranheza ou vergonha. Não é vício, nem condição degradante, nem pode ser catalogada como doença. A homossexualidade, segundo Freud, nada mais é do que uma variação da função sexual.