OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

UM NOVO CAMPO PARA O MAGISTÉRIO



Somente no Segundo Império é que, por força de lei, as mulheres puderam completar o ensino primário elementar. Mas não conseguiam cursar o Ensino Secundário, porque era uma preparação exclusiva para os homens. 

Mesmo assim, por diferentes motivos (casarem muito cedo, terem que trabalhar ou encontrar dificuldades nas aprendizagens) muitas mulheres não completavam o primário elementar e muitas, mal conheciam as letras. 

Mas, mesmo com estes poucos estudos recebidos, muitas mulheres viam o mundo de uma maneira diferente e o interesse em prosseguir nos conhecimentos aumentava. Mas as leis impediam 
prosseguirem nesse interesse. 

Após muitos pedidos para que o Império olhasse de forma mais realista em relação aos interesses femininos, em 1835, foi criada a primeira Escola Normal do país, em Niterói, Rio de Janeiro, para a formação de professores. Mas, devido a morosidade das leis, os primeiros anos de funcionamento dessa escola, as matrículas de moças não eram admitidas. Mais tarde, foram admitidas, mas sua atuação era a de tutoras do ensino, (espécie de acompanhante ou monitora), por não poderem receber o diploma de professoras. 

Vários grupos de religiosos passaram a se dedicar pala luta para que a Educação Feminina acontecesse. Devemos a esses grupos espalhados por todo o pais, pela dedicação com que lutaram pela Educação Feminina. Primeiro, no Rio de Janeiro, fundando o Colégio Imaculada Conceição, mantido pela Companhia das Filhas de Caridade de São Vicente de Paula, desde 1854. Quando começou a funcionar, este colégio tinha como objetivo principal a educação das filhas da elite carioca, dentro dos rígidos padrões morais da Igreja Católica Romana. 

Escola alemã no Brasil, em 1870


Segundo, a partir de 1870, escolas protestantes, especialmente metodistas e presbiterianas, foram fundadas, quebrando o monopólio religioso do catolicismo. Estas escolas traziam uma novidade ao Brasil: as “primeiras classes mistas”, ou seja, alunos de ambos os sexos estudando e interagindo juntos formando uma única turma e dentro de uma mesma sala de aulas. Uma novidade que trouxe alguns conflitos, apreensões e inseguranças. Mas por pouco tempo, porque: 

1- As escolas e classes mistas começaram a pipocar na rede pública de todas as províncias. E a partir desta novidade, outra se tornaram possíveis. 

2- As mulheres que recebiam seus diplomas nas escolas normais recebiam a autorização para lecionarem para ambos os sexos, porém os meninos deveriam estar na faixa de 12 a 14 anos. 

3-Este fato abria o campo para o magistério feminino. 

4-A partir da nova abertura de campo trabalho, as moças já puderam ingressar nos cursos normais. 

5- O magistério feminino ganhou força no final do século XIX em virtude da crescente demanda e da falta de professores que novamente rondava o país. 

6- A vocação natural da mulher ao magistério era construído e divulgado em todos os cantos e por médicos, pais, clero e governantes. 

7- Ressaltavam a ternura e outras qualidades “naturais” das mulheres para o exercício da profissão. 

É preciso destacar que, os cargos superiores da educação pública, os postos de comando nas escolas e instituições das províncias e do Estado e da diretoria das escolas ainda eram privilégios reservados aos homens. No entanto, estes privilégios masculinos deixavam explícita a continuidade da discriminação das mulheres na profissão do magistério.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

A INCLUSÃO DAS MULHERES NA ESCOLA

Entre 1750 e 1777, o Marquês de Pombal definiu uma série de reformas a serem implantadas em Portugal e nas colônias.



Uma dessas reformas da Educação Portuguesa, tudo o que era ligado à Educação passava das mãos do Estado. E a primeira transformação foi a tentativa de implantar a “instrução feminina”. E para ser mais viável economicamente, as escolas seriam mistas, ou seja, rapazes e moças estudariam na mesma escola, porém, a escola tinha a parte dos rapazes e a parte das moças. Os professores também se dividiam: os homens lecionavam para os rapazes e as mulheres, para as moças. Mas nada aconteceu, porque a Família Real Portuguesa veio para o Brasil fugindo de Napoleão Bonaparte, em 1808.


Naquela época, muitas famílias de diferentes países chegavam ao Brasil e fixavam residência por aqui. E essas famílias viviam a procura professores particulares para que ensinassem os filhos a falarem a língua e os costumes da terra. Para ser mais econômico, essas famílias procuravam professores que dessem aulas para meninos e meninas ao mesmo tempo. E encontravam dificuldades por causa da reforma pombalina que proibia o ensino particular. Essas famílias começaram a reclamar e ameaçar de voltarem aos seus países de origem.

Para manter os estrangeiros aqui, foi criada ás pressas a Diretoria Geral de Estudos cuja finalidade era controlar: os conteúdos a serem ensinados, os livros didáticos adotados e a criação das “aulas régias”, ou seja, aulas que compreendiam o estudo das humanidades (cultura, artes e religião). E foi assim que o ensino público oficial brasileiro se tornou misto e laico. Mas ainda assim, as mulheres eram consideradas seres “imbecilitus sexus”.

Com o Brasil passando a Vice-Reino, os portugueses da Corte logo queriam casar com as mulheres que aqui viviam, encantados com sua “trigueirice”. Inúmeros casamentos ocorreram. Mas passado algum tempo,

Passavam a perceber uma falta de refinamento nos modos e de traquejo social a qual estavam acostumados. E para resolverem esta situação (para não passarem vergonha) decidiram que as mulheres precisavam ser “educadas de maneira correta”. Foi assim que a Educação Feminina surgiu no Brasil de verdade e de fato.

Mas é preciso entender que a “educação correta” nada mais era que a instrução voltada para as atividades caseiras e demais necessidades domésticas, ou seja, ensinava como receber um visitante ilustre ou hospedar alguém importante do governo ou da corte. Para que se entenda esse tipo de educação, o currículo obedecia ao ABECEDÁRIO MORAL, de 1585, retirado da obra do escritor português Gonçalo Fernandes Trancoso, como se vê abaixo:


(Imagem: GEA/ MultiRio).
A primeira Constituição brasileira ou Lei Geral realizada em 1824, já previa o “ensino primário gratuito” para “todos” os cidadãos. Esse “todos” referia-se a homens e mulheres brancos e desconsiderava os negros e indígenas. 

Como lei, essa foi a primeira legislação específica sobre a Educação brasileira, regularizando o Ensino Primário de Primeiras Letras (hoje, Ensino Fundamental) e sancionada em 15 de outubro de 1827, (daí ser a data escolhida para a comemoração do Dia dos Professores). Tratava da admissão de professores, a remuneração dos de assuntos relativos à Educação, tais como: contrato mestres (título dado aos professores daquela época), carga horária para professores e alunos, o estabelecimento do currículo mínimo para todo o país e as escolas para as meninas, entre outros variados temas. Com relação ao pagamento dos mestres, a Lei Geral previa a igualdade salarial para ambos. No entanto, um decreto assinado em 1831, fez com que as mulheres ganhassem menos. 

A falta de professores nas províncias era muito grande. Por isso, os governos tinham a autorização para a contratação de professores não aprovados nos concursos realizados. Porém, os salários destes profissionais eram um pouco mais baixos por uma “questão de justiça”.

anos de 1600 a 1700 - escola essencialmente masculina

A época, se falava muito na “falta de competência feminina” visto que, nas escolas elas não estudavam as mesmas coisas que os homens. Portanto, seria “injusto” pagarem o mesmo salário. Sabemos que não se tratava de falta de capacidade, mas de conhecimentos, e que as mulheres não tinham culpa disso. Mas era o entendimento da sociedade sobre a vida e as ações femininas.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

A PROFISSÃO DOCENTE E O COTIDIANO FEMININO NO BRASIL


Como já vimos em âmbito mundial, as mulheres nunca tiveram vez, nem voz. Sempre foram criadas para o casamento, para cuidarem da casa, dos filhos e do marido. Ninguém, nunca perguntou o que elas queriam, do que gostavam ou o que pretendiam fazer de suas vidas. E sempre lhes exigiram obediência, humildade e sabedoria nas ações. E foi assim por quase dois milênios. E no Brasil, embora fosse um país jovem não era diferente. Como uma das colônias portuguesas, o Brasil devia respeito e obediência às leis portuguesas.

Uma dessas leis considerava as mulheres, crianças e doentes mentais como parte de uma categoria de pessoas classificadas como “imbecilitus sexus” (sexo imbecil). Evidente que essa lei foi trazida para cá pelos nossos colonizadores, não é mesmo?


Com a chegada dos padres da Companhia de Jesus e de sua missão evangelizadora, algumas igrejas improvisadas foram sendo construídas com o objetivo de atraírem as crianças. Em sua missão evangelizadora, não importava o sexo das crianças desde que elas incentivassem e trouxessem os pais para serem evangelizados também. No entanto, alguns jesuítas descobriram que podiam fazer um pouco mais por aquelas pessoas, como por exemplo, ensiná-los a ler, escrever e contar. Mas consultados os seus superiores, só permitiam que os meninos fossem instruídos. Por isso, eles só atendiam os meninos.


Os índios não entendiam aquela divisão que os brancos faziam entre homens e mulheres. Não era assim nas aldeias. Todos trabalhavam para o bem comum e festejavam juntos. Mas os índios deram “um jeitinho”. Mandavam os filhos para a escola acompanhados por suas irmãs, com a desculpa que deveriam ser “catequizadas”, porém, em dias que não havia essa atividade. E acabavam aprendendo alguma coisa apenas ouvindo. No começo, até as mandavam embora, mas os irmãos iam junto. Os padres então, passaram a não ligar.


Porém, as novas escolas que estavam sendo fundadas em muitos lugarejos e vilas, já vinham com ordens expressas do Marquês de Pombal que as mulheres brancas, negras ou índias somente podiam frequentar a catequese e não deviam ter acesso a escola para aprenderem a leitura e a escrita.

Na segunda metade do século XVII, conventos católicos femininos passaram a ser construídos por todos os cantos de Portugal. E o mesmo aconteceu por aqui.

No entanto, esses conventos serviam como uma “espécie de prisão” para algumas moças e que não queriam servir a vida do convento. A “prisão” era para as moças mandadas aos conventos por: terem engravidado antes do casamento, por irmãos ou pais que não desejavam dividir seus bem e fortunas com as elas ou genros e, por mulheres infiéis no casamento ou mulheres fiéis, cujos maridos que desejavam traí-las. 

Muitas entravam para a vida religiosa por não terem outras expectativas. Mas também haviam aquelas que não manifestavam nenhum desejo de servir a Ordem. Neste caso, para evitar as fugas, era preciso ocupá-las com outras atividades, além de fazê-las rezar a maior parte do tempo todo. Assim foram criadas as “Escolas de Moças”, onde as freiras ensinavam os “trabalhos de agulha (costura e bordado) e boas maneiras. E como se percebe, a educação feminina continuava restrita aos cuidados com a casa, do marido e dos filhos.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

AS ESCOLAS PARTICULARES NO SEGUNDO IMPÉRIO

É importante frisar que, no período colonial brasileiro, a maioria das escolas particulares eram protestantes porque o Marquês de Pombal havia expulsado os jesuítas tanto de Portugal e como de suas colônias.

Convento de São Francisco -SP- primeira Faculdade 
de Direito do Brasil

No entanto, o Colégio católico dos padres lazaristas foi fundado em 1820. Em 1845, os jesuítas retornam ao Brasil ao terem sua ordem restabelecida pelo Papa.
Os padres perderam o estabelecimento da ordem por um ato de Pombal, perderam também seus bens construídos aqui, por terem sido confiscados pelo Estado. Logo após o seu retorno, tiveram que recomeçar novamente e, desta vez, abrindo escolas particulares. Em pouco tempo, tinham uma grande rede de escolas por todo o país. Muitas dessas escolas ficaram muito famosas (existindo até hoje, sobrevivendo ao tempo). Qual foi o segredo desse triunfo?
Academia de Belas Artes - RJ

O segredo foi a contratação de profissionais do ensino formados nas escolas secundárias. Mas não era para ministrarem as aulas, mas aprenderem e se especializarem no trabalho de “ensinar”. E com o tempo, os jovens da elite começaram a frequentar essas escolas e a valorizar seus ensinamentos.



No início eram escolas masculinas onde lecionavam um corpo docente masculinos. Um pouco mais tarde, ordens religiosas femininas também fundaram colégios e liceus particulares para moças suprimindo um vazio reclamado há muito tempo. A grande maioria destes estabelecimentos existe até hoje, figurando entre os melhores e mais conceituados estabelecimentos de ensino.

continua

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

A EDUCAÇÃO DO SEGUNDO IMPÉRIO NO BRASIL

Alguns anos após ter assumido o poder, mais precisamente em 1854, D. Pedro II reformulou a estrutura do ensino básico e o conteúdo ministrado.

O ENSINO PRIMÁRIO


O ensino elementar passou a ser chamado de “ensino primário” e deveria durar 4 anos (mas variava de aluno para aluno) sendo dividido em duas partes: elementar (que cuidava do ensino da leitura, escrita, instrução moral e religiosa) e do conhecimento superior (com conhecimentos mais avançados sobre a língua (gramática) e a aritmética (cálculos fundamentais, conhecimento de pesos e de medidas mais os cálculos de ambos) e mais oito disciplinas regulamentadas. Só lembrando que o termo “superior’ se referia que era maior que o elementar e não ligado ao “Ensino Superior, como conhecemos hoje).


D. Pedro II

Após o curso primário, a pessoa recebia um diploma e poderia ingressar no ensino secundário. Garantia também aos diplomados, o direito de lecionar no ensino primário. O objetivo dessas escolas era o de garantir profissionais que aceitassem o salário oferecido pelo Estado ou, por falta de outra opção. No entanto, as escolas particulares existentes (a maioria, de curso primário) não empregavam esta mão de obra. Muitas vezes, seus profissionais tinham o curso secundário completo.

O ENSINO SECUNDÁRIO

O ensino secundário tinha a duração de sete anos e composto por professores que dominavam as disciplinas a serem ministradas, como a história sagrada, geografia, aritmética e geometria no 1º ano. Português, francês, latim e matemáticas elementares no 2º ano.

Português, francês, latim, matemáticas elementares, aritmética e álgebra no 3º ano. No 4º ano um aprofundamento de português, francês, latim, geografia e cosmografia, e matemáticas elementares. O currículo do 5º ano envolvia português, inglês ao invés do francês, latim, história geral, física e química; no 6º ano, era estudado: alemão, grego, história natural e higiene, retórica, poética e literatura nacional, além de filosofia. E, finalmente, no 7º ano era oferecido os estudos de: italiano, alemão, grego, português, história literária, filosofia, corografia (estudo da genealogia Real) e história do Brasil. E no final do curso, mediante a prova de capacitação, e do juramento perante o Ministro do Império, a pessoa recebia o grau e a carta de “bacharel em letras”.

E aos estudantes deste curso estava garantido o direito de lecionar na escola secundária, além de outras profissões que necessitasse da língua mãe ou estrangeira e dos conhecimentos matemáticos. 

Colégio Pedro II - MG - Museu Mariano Procópio

O Colégio Pedro II, fundado em 1837, servia de modelo para a criação de novas escolas com a mesma programação de cursos e de iguais conteúdos e que foram se espalhando não só pela província do Rio de Janeiro e sede do governo imperial, mas por todo o país. No entanto, a profissão docente era extremamente masculina.

O Colégio Pedro II também foi um grande estímulo para a criação de liceus. Era prerrogativa do Governo Nacional criar escolas de Nível Superior (aí sim, universidades), mas as Províncias não podiam, embora precisassem de muitos profissionais qualificados. Foi então que tiveram a ideia de criarem os LICEUS, uma escola que misturava o ensino primário e o estudo de uma profissão com o objetivo de formar técnicos.

Uniformes Escolares: O da esquerda era do Colégio D. Pedro II e 
o da direita, das escolas particulares.



Nos liceus o ensino era gratuito, mas o material didático era pago pelos estudantes. E não era apenas os cadernos, livros, lápis ou as famosas “penas”. Alguns materiais eram caríssimos e outros precisavam ser importados da Europa (como máquinas e ferramentas que não eram fabricadas por aqui). Imaginem uma pessoa pobre tendo que importar um torno ou um tear da Europa para frequentar um determinado curso no liceu. E assim, ao contrário de ter falta de professores, os liceus enfrentavam a falta de alunos.

Com exceção de uns poucos mais abastados e/ou medianos que frequentavam os liceus, a maioria que gostaria de frequentar as aulas para adquirirem uma posição melhor na vida, ou não podiam custear os materiais ou não podiam deixar seus empregos. Esses cursos também eram vedados para as moças porque acreditavam que eram destinadas ao casamento e, por isso, não precisavam de uma profissão. Mas, se fosse do seu interesse, podiam fazer o ensino primário elementar.

No segundo Império, as coisas começam a mudar. As mulheres podiam frequentavam escolas particulares mistas desde que fossem em salas especiais, segundo as recomendações do tempo do Marquês de Pombal. As moças recebiam ensinamentos diferenciados dos rapazes, pois seus curso eram voltados para a vida doméstica, a maternidade e um pouco de leitura e escrita que pudessem para copiar ou seguir uma receita culinária.
 continua.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A EDUCAÇÃO NO TEMPO DO IMPÉRIO


 O império foi um período importantíssimo de nossa história. Com início em 1822, foi responsável por inúmeras transformações em nosso país.

O PRIMEIRO IMPÉRIO



A primeira grande e importante medida tomada por D. Pedro I foi a de criar uma legislação que visasse a organização da Educação Nacional. E a primeira lei a ser votada pela Assembleia Legislativa (conhecida como a Constituinte da Mandioca, pois só fazia parte dela quem possuísse 150 alqueires ou mais de plantação de mandioca), foi a aceitação e a votação da “gratuidade da educação primária para todos os cidadãos”, votada em 1824. O objetivo era o desenvolver o sentido de nação por meio da estimulação do aprendizado da leitura e escrita e fomentar uma nova cultura.

Alguns anos mais tarde, em 1827, o D. Pedro I estabelece “em todas as cidades, vilas e lugares populosos deverão haver escolas de primeiras letras que forem necessárias”.

escolas elementares nas províncias

Essa lei definia o salário dos professores e o ensino mútuo. Entenda-se por ensino mútuo: o ensino a crianças e jovens e, ao mesmo tempo, o curso de formação de professores que estivessem lecionando, mas não tivessem essa formação.

Nesses cursos de formação eram ainda decididos: os conteúdos a serem ensinados, os princípios básicos do ensino religioso católico apostólico romano, os princípios morais, religiosos e sociais vigentes, o estudo de História do Brasil e da Constituição do Império.
salas de aula nas escolas elementares no tempo do império

Apesar da boa intenção política, o objetivo não alcançou os resultados esperados por algumas razões: a) falta de recursos do Estado; b) falta de recursos da população mais pobre; c) a necessidade de trabalhar para ganhar o sustento familiar; d) do conceito de que ler e escrever era coisa de rico, conceito gerado por gerações de descaso e, por fim, num país agroexportador  (como era o Brasil Imperial) não haviam cursos oferecidos às profissões ligadas a terra, o que não era nada interessante para a população agricultora. Ao contrário, era altamente atrativo para os que viviam próximos a Corte.

Muitos projetos que visavam a melhoria das condições educacionais, mas a Constituição de 1824 era composta por muitos termos pouco esclarecedores. Por isso, houve a necessidade de se fazer leis complementares que tornassem a educação no Brasil mais operacional, mesmo que para isso contrariasse a própria Constituição.


Em 1831 a 1836, já no, os relatórios do Ministro da Educação do Império Lino Coutinho, denunciava que a lei de 1827 havia produzido pequenos resultados e mostrava que o ensino elementar estava em má situação, apesar dos gastos oferecidos pelo Esforço do Estado no estabelecimento e ampliação dessa modalidade educacional.

O Ministro colocava a responsabilidade do descaso educacional às prefeituras de cada localidade, delatando a ineficiência administrativa e fiscalizatória. Culpava os professores de desleixo e, aos alunos de vadios. Responsabilizava o governo pelo abandono dos recursos materiais que deveriam ser providos como: bons edifícios e materiais didáticos essenciais (carteiras, lousas, livros e outros). Apontava os baixos salários dos professores, a exigência de conteúdos extremamente complexos a serem ministrados, a falta de um método adequado para as condições do país.

O ministro delatava a todos e culpava-os de tudo. Só não culpava a sua própria ineficiência, descaso e desleixo com a pasta que lhe fora entregue para cuidar. Apesar de tudo, fez uma coisa boa, ao assinar o Ato Adicional de 1834, ao decidir dar ás Assembleias Legislativas locais o poder de elaborar seus próprios regimentos e em consonâncias com os próprios recursos para administrar a educação primária e secundária. Dessa forma, ficava a cargo do Ministério da Educação o Ensino Superior. E foi graças a essa descentralização (1835) que surge a primeira escola de formação de professores no país, a Escola Normal de Niterói.

Baseados nessa lei, os problemas financeiros começavam a responder positivamente. No entanto, as dificuldades também começaram a aparecer. Primeiro, não tinham como atender as crianças que moravam em localidades distantes ou isolados. E com isso, ficavam sem estudos ou os atendimentos eram precários ou inexistentes. Outro problema, era a falta de recursos para a instalação de novas escolas e/ou contratação dos professores.

Diante de uma sociedade escravagista, autoritária e formada por uma minoria encarregada do controle das novas gerações, a presença do Estado na Educação Imperial devia ser muito discreta, quase imperceptível.  No entanto, enquanto a elite tinha tudo, a população não tinha nada. Novamente, culpam as províncias pelo fracasso do ensino. Mais leis e decretos são criados e aprovados, mais dinheiro era gasto e não havia escolas e educação para todos. Nem professores para todas as escolas.

Com as escolas de educação elementar e secundária dando certo e seguindo em frente, a reivindicação passou a ocorrer com o Nível Superior e sobre novos cursos. 


Faculdade de Direito do Largo São Francisco: a primeira do Brasil

O Imperador D. Pedro I atendeu parcialmente essas reivindicações formando o “Convento de São Francisco”, em São Paulo e que, mais tarde se tornou a mais famosa Faculdade de Direito do Largo São Francisco e o “Mosteiro de São Bento”, em Olinda (PE) ambos em 1827, entrando os dois em funcionamento no ano seguinte.

Estas duas Escolas Superiores possuem importância histórica pois agiram na formação da elite política, na mentalidade jurídica do Império, foram centro de irradiação de ideias filosóficas novas, de movimentos literários, de debates e discussões culturais da época. Mais que Faculdade de Direito, desenvolveram também as Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras.

O Imperador também tentou melhorar o acesso à Educação Elementar e até teve um pequeno avanço (3%), com escolas de meninos e outra de meninas. Em escolas mais distantes ou isoladas, as escolas ou apenas uma sala, poderiam ser mistas. Porém, pelos motivos já descritos, o analfabetismo numa foi inferior a 80%.
Documento da abdicação de D. Pedro I

Em 1831, problemas em Portugal exigem a presença de D. Pedro I. Nesse ano Imperador abdica o trono no Brasil em favor de seu filho, Pedro de Alcântara que contava com 5 anos de idade e, no início de 1832, a família imperial parte para terras lusitanas.

Desculpem o atraso na postagem, mas foi por problemas de saúde.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

A EDUCAÇÃO NO VICE-REINADO



Com a vinda de D. João e sua corte para o Brasil, ele encontrou uma colônia desagregada e em decadência. 

dia 27/1/1763 - dia da elevação do Brasil à categoria de 
Vice-Reino de Portugal

E foi em seu governo que a Educação foi encarada com um pouco mais de seriedade. Modificou a política educacional existente e a postura que a Corte vinha adotando.

 
Primeiro Colégio Militar do Rio de Janeiro

D. João fundou várias instituições culturais como a Imprensa Régia, Biblioteca Nacional e um museu e deu novo impulso à Educação, com a criação da Escola de Ensino Superior, a Escola Naval, a Escola Militar e cursos de medicina no Rio de Janeiro (onde se instalara) e na Bahia e ainda cursos sobre agricultura, química e desenho técnico. 

Faculdade de Medicina - Bahia

Rompia-se com essas escolas a tradição do ensino estritamente literário destinado a poucos enquanto o restante da colônia continuava analfabeto e atrasado. Mas foi, sem dúvida alguma, um período muito importante para o desenvolvimento do país, pois D. João (agora VI) lançava as bases educacionais deste país. Mas ainda assim, as mulheres não tinham vez.

Escola de Preparação de Guerra do Vice-Reinado

Como se pode notar os diversos cursos eram destinados aos homens, enquanto ás mulheres, os cursos voltavam-se para o lar e para as atividades domésticas.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

A EDUCAÇÃO NO BRASIL COLONIAL - 1ª FASE


A educação no Brasil teve seu início um pouco depois da chegada dos jesuítas. E foi assim por três séculos. Durante esse tempo, o que os jesuítas ensinavam estava baseado nos métodos da educação jesuítica portuguesa, cujo principal objetivo era a conversão dos povos nativos da América. Herdeiros da escolástica (um saber filosófico ligado ao saber religioso da Idade Média), que acabou refletindo na cultura dos colonos, implicando na formação de alguns autores da época.


Para resolver esse problema dos colonos Aqui no Brasil, os jesuítas ensinavam a “gramática” (leitura e escrita) considerada como “expressão culta” e a “retórica”, que nada mais é do que a “arte do falar bem”. E tudo estava baseado na “memorização” como procedimento de aprendizagem. Os jesuítas não tinham a preocupação de ensinarem a ler e escrever, porque indígenas e jesuítas precisavam se entender, no entanto, sem interferir nos costumes e língua das populações indígenas. Embora a conversação fosse importante num primeiro momento, começou a haver a necessidade de mais conhecimento, principalmente, em relação interferiam aos filhos dos colonos que vinham aos montes para cá.

COLÉGIO DE SÃO PAULO DE PIRATININGA

Foi para resolver os problemas dos colonos que o Padre Manuel da Nóbrega e José de Anchieta decidiram transformar um albergue para viajantes em uma escola, a mesma do Pátio do Colégio (reformulada mais tarde), em São Paulo. Como alunos haviam filhos homens de colonos e índios aculturados da região, onde aprendiam as primeiras letras, já com a preocupação da leitura e da escrita. Passado esse nível, os colonos poderiam mandar seus filhos homens continuarem seus estudos em Portugal ou outro país da Europa. E foi assim por três séculos.

MARQUÊS DE POMBAL

Em meados do século XVIII, na Europa, surgia a ideia de uma Filosofia Iluminista, que valorizava a ciência moderna e o racionalismo. Nessa mesma época, Portugal é assolado por um grande terremoto. E é aí que, no cenário político português, surge uma figura importante: o Marquês de Pombal, que fora chamado para reconstruir o país.

POMBAL EM REUNIÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

O Marquês fez mais que isso. Ele resolveu fazer uma reforma completa: política, econômica, administrativa, educacional e eclesiástica.  Pombal era adepto das ideias de Locke, Fénelon, Newton e do Padre Rollin e tentava colocar essas ideias em tudo, inclusive na Educação. Em Portugal acontecia um grande debate para saber o que deveria ser ensinado. Uns queriam o ensino da matemática, história, geografia, latim, direito e física. Outros queriam o ensino da gramática em língua portuguesa, enquanto outros, afirmavam que ensino devia ser em latim, como era a tradição.

Essa decisão traz como consequência a queda do monopólio da Companhia de Jesus, tanto na Corte como nas colônias. O resultado foi a expulsão dos jesuítas de Portugal e nas colônias em que atuavam.

EXPULSÃO DOS JESUÍTAS DO BRASIL

As consequências da expulsão dos jesuítas (1759), trouxe resultados negativos para o Brasil. Ao saírem do Brasil, os jesuítas deixaram uma grande lacuna e que por algumas décadas. Para contornar esse problema, o Marquês tomou algumas providências:

MISSIONÁRIOS INGLESES

1- Tentou chamar missionários ingleses para assumirem a questão educacional nas colônias. Mas ao saberem que teriam que tratar com índios e negros (porque já havia época) não aceitou.


2-  O governo português tentou bancar os custos de viagens, materiais e manutenção dos pagamentos aos professores, mas atrasava os pagamentos e, aos poucos, desistiu.


3- Por fim, Pombal entregou aos próprios colonizadores a educação de seus filhos, ou seja, os pais que soubessem ler e escrever podiam ensinar os filhos. E se não soubessem, que contratassem professores por sua própria conta, o que foi feito por uma pequena minoria. 

Em virtude de tudo isso, a Educação do país faliu.