Mas,
aos poucos as coisas foram mudando. Os grupos familiares fincaram raízes num
determinado espaço de terra. A taxa de natalidade aumentou consideravelmente
facilitando a mão de obra na lavoura. Se antes cabia ao homem ser apenas pai e
provedor de alimentos, agora, a figura masculina passa a ser mais valorizada. A
propriedade precisa ser protegida e defendida com a formação de exércitos.
A
formação do povo hebreu tem participação importantíssima neste momento
histórico e na mudança do pensamento sobre a sexualidade. O povo hebreu tinha no
patriarcado a base familiar, onde a palavra do pai era lei. Os hebreus acreditavam
que Deus havia destinado o sexo apenas para a procriação e, por isso, as
relações sexuais eram bem aceitas. Era bom e sábio ter muitos filhos, pois
tornava o homem feliz. O aborto era considerado crime, pois estaria sendo
negado ao homem o direito de ser pai e perpetuar-se através do filho.
Uma
família numerosa garantia a existência do povo e a sobrevivência da tribo.
Porém, os filhos eram bem vindos e vangloriados, enquanto as filhas eram
marginalizadas e discriminadas. Os hebreus achavam que o nascimento de meninas
trazia prejuízo, porque quando se casavam o pai tinha que dar um dote ao
marido.
Visão do Olimpo
Outra
influencia muito forte foi a do povo grego. A base familiar grega também era
patriarcal, mas em uma cultura de muitos deuses mitológicos que influenciavam
na religião e nos conhecimentos.
Para esse povo, o corpo masculino era a
expressão de beleza e perfeição, enquanto o corpo feminino era desvalorizado.
Para eles, a mulher era e deveria ser submissa ao homem. A mulher grega era
vista como propriedade do pai e depois do marido e a eles devia servir em tudo,
sem poder opinar sobre nada e também não tinha vez, inclusive no sexo. No
entanto, o homem tinha a liberdade de se relacionar com outras mulheres ou
homens, dentro e fora do casamento. Mas a mulher devia manter-se fiel ao
marido. Apesar de tudo o sexo, como função procriadora, era considerado uma
bênção dos céus.
No
processo civilizador as mudanças, ocorridas com a inversão dos papéis, tem o intuito
de controlar a população e submetê-la ás normas e costumes estabelecidos.
Normas e costumes que entram pelo período medieval da Idade Média.
Nesse
tempo o Cristianismo chega à Europa e se espalha pelo Ocidente. Igrejas são
erguidas por toda parte. Os líderes da Igreja Católica desejavam difundi-la a
todo custo e não mediam esforços para isso. Queriam mostrar que ela era única e
que todas as outras religiões não mereciam respeito. Precisavam de algo que
mexesse com a população e o sexo foi um prato cheio.
Esses
líderes passaram a vê-lo pela ótica da cultura greco-romana. E ditaram regras e
exigiram seu cumprimento. Para fazer com que fossem cumpridas instituíram o
pecado. Através de seus líderes, Igreja passou a ideia de que o sexo sem a
finalidade de procriar era um pecado tão grande que impediria o fiel de entrar
no paraíso celeste após sua morte. E para impedir que burlassem esta regra,
ameaçavam com enforcamentos, de terem as partes intimas queimadas e de
excomunhão quem fosse pego praticando-o.
Pecados,
punições e ameaças foram as estratégicas usadas pelos líderes da igreja para o estabelecimento
de uma moral rígida, repressora e negativa que repudiava toda expressão sexual
e fazia a mulher e seu corpo serem submissos. Esses “santos padres” passaram a ver
a mulher como a vilã pecaminosa que levava para o inferno a alma dos homens que
elas seduziam. Por isso, mereciam ser queimadas vivas em praças públicas. E
muitas foram delatadas por parceiros ou por homens que as cortejavam e recebiam
recusas aos intentos sexuais. E por meio do medo muitos se converteram ou se
enquadravam nessa moral.
O
período medieval foi, sem dúvida, o período mais repressivo de que se tem
notícia nas histórias da humanidade e da sexualidade. Seus efeitos foram tão
fortes e drásticos, que nem os movimentos realizados pela burguesia, pela idade
moderna e nos dias atuais foram capazes de apagar. E ficaram no
nosso inconsciente e em nossas mentes como mitos, crendices, preconceitos e
tabus. E são esses pensamentos que se inflamam e nos causam certo desprazer em
algumas situações.
Falar
sobre sexo com filhos ou alunos ainda nos faz sentir vergonha, porque sentimos como se fosse
algo feio e pecaminoso. E para fugir destes sentimentos omitimos conversas,
inventamos justificativas ou nos deixamos nos levar por eles emitindo
julgamentos impróprios ao nosso grau de adiantamento moral, social e
tecnológico. E com isso, deixamos de orientar e preparar as novas gerações para
um comportamento que. além de físico, é natural, espontâneo e prazeroso.