OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

terça-feira, 30 de junho de 2020

PAULO FREIRE e a EDUCAÇÃO


Paulo Freire é considerado um pensador, como tantos outros na História da Educação e da Pedagogia Mundial. Com certeza, por causa dos seus livros e por ter criado um movimento chamado “Pedagogia Crítica”. 

Mas quem influencia..., também é influenciado. Nada há de mal nisso. Afinal, todos temos nossos filósofos preferidos. E assim foi com Paulo Freire. Os pensadores que o influenciaram foram: Karl Marx, Martin Heidegger, Jean Paul Sartre, Gabriel Marcel e Karl Jaspers. Mas, seu favorito era o filósofo, teólogo, poeta e crítico social dinamarquês Soren Aabye Kierkegaard. E todos, absolutamente todos, eram marxistas, fenomenologistas e existencialistas. 

“Fenomenologistas, o que é isto? 

Entre os anos de 1700 a 1800, época em que as Ciências começavam a despontar, o pensamento geral para “coisas e fatos” era o seguinte: “tudo o que existe é uma experiência percebida pelos sentidos humanos”. Seguindo esse pensamento, todos os cientistas, filósofos, historiadores, médicos etc, queriam e passavam a estudar as “experiências” humanas. Por exemplo: As pessoas sentem calor ou frio. Naquele tempo, os estudiosos queriam saber “porque” as pessoas ficavam arrepiadas no frio e não ficavam no calor. Sentir frio e arrepiar eram considerados como “experiências” humanas. E para ficar mais chique e mais científico, passaram a chamar as “experiências” de “fenômenos”. 

E esses estudos receberam o título de “fenomenologia” (fenômeno = experiências e logia = estudo) que nada mais é do que o “estudo das experiências”). E quem fazia o estudo, era chamado de “fenomenologista”. 

A mesma coisa se deu com quem se preocupava em estudar: a causa dos seres humanos existirem; como apareceram no planeta; como sobreviveram; qual era a sua missão no mundo; porque morrem; e para onde iriam depois da morte. O estudo da “ontologia” (onto = existência humana + logia = estudo), ou seja, o “estudo da existência do homem”, passou a ser chamado de “existencialismo”. Consequentemente, o estudioso era o “existencialista”. 

Podemos dizer que o grande interesse de Paulo Freire era, sim, a Educação visto que sempre trabalhou com este tema. Mas, assim como seus filósofos e influenciado por eles, Paulo Freire via a “Educação como um ato político”. Tinha como princípios fundamentais a Educação e a Pedagogia. Ele acreditava que elas se integravam de tal forma que não podiam ser separadas. E a tal entrosamento chamou de “Pedagogia Crítica”. 



Por que Pedagogia Crítica? 

Segundo suas vivências e estudos realizados, Freire entendia que os professores precisavam ter algumas noções de política. Já os alunos, precisavam aprender essas noções. Ele via que ambos (professores e alunos) tinham um único espaço adequado para que isso acontecesse: a escola e, mais precisamente, a sala de aula. 

Mas como os professores não sabiam tudo de política, precisavam ser ajudados com informações contidas nos conteúdos curriculares e assim, seguindo uma “determinada programação de agenda política” os professores dariam conta do recado. Mas encontravam uma dificuldade: os conteúdos dos livros didáticos da época. Estes precisavam ser adequados de forma que os conteúdos tivessem a visão fenomenológico-existencial marxista para que os professores pudessem realizar sua tarefa. E foi o que começou a fazer: reescrever todos os conteúdos curriculares de acordo com seus pensamentos. E foi assim que aos poucos e com o aval do governo federal da época, os conteúdos dos livros foram sendo modificados. 

A princípio, a principal atividade dos professores à época era a de “ensinar os alunos a questionarem tudo”. Daí desde a década de 1960 surge como algo importantíssimo, ensinar o “espírito crítico”,  tão celebrado em todas as escolas. 

Mas vamos entender um pouco mais de Paulo Freire. Para ele, a “Educação é um fenômeno existencial”. Freire acreditava que somente com as “aprendizagens”, homens e mulheres podiam “se fazer e se refazer” ou seja,  de se tornarem capazes de “assumir a responsabilidade sobre si mesmos” e de “ser capaz de se autoconhecer”. (Freire, 2004). E é verdade, sim. Cada coisa que aprendemos, nosso cérebro faz novas intercomunicações, novas ligações neuronais e ficamos mais inteligentes, sim. E aí estão os Estudos de Neurologia para confirmar. Portanto, quanto mais aprendemos, evoluímos em nossos raciocínios, tomamos mais consciência das coisas, passamos a ver as situações e fatos por visões e aspectos diferentes, podemos manter, melhorar ou mudar pensamentos antigos. Afinal, ficamos melhores que antes. Melhores do fomos no dia anterior ou que fomos a algumas horas atrás. Freire chamava a isto de “prática da liberdade”, exercida pela Educação. 

Mas para se aprender algumas coisas (a política, por exemplo) era preciso seguir um método, um “processo de conscientização” (como Freire gostava de chamar) e que só poderia ser alcançado por meio da Pedagogia. 

Lendo rapidamente esta afirmação, nossa tendência é achar uma maravilha e temos a tendência de repeti-la em outras oportunidades. Mas é preciso entender o que Freire quer dizer com “conscientização”. Analisando com mais calma a citação, na medida em que o professor alerta os aprendizes para um determinado fato da realidade do aluno, o professor pega apenas os aspectos negativos e sem o contraponto dos aspectos positivos desse fato. O aluno faz a comparação, se revolta e passa a lutar por “seus direitos”, ou seja, por sua “liberdade”. Mas, no fundo, é uma liberdade utópica porque os seres humanos não se conformam em ficar sempre no mesmo lugar. No livro “Pedagogia do Oprimido” Paulo Freire mostra esta filosofia claramente e a influência que Sartre, Jaspers e Marcel exerceram sobre ele. Ainda no livro citado a pouco, Freire afirma que a fenomenologia e o existencialismo se integram e se articulam intensamente a todo momento. 

Freire também dedicou seu tempo ao estudo da ontologia (onto = homem + logia = estudo) ou seja, estudo do homem ou da humanidade, por entender ser crucial para a Educação e para a Pedagogia. E mais uma vez está certo, precisamos entender como os seres humanos se desenvolvem, aprendem, mudam de pensamentos. Entender o papel do homem no mundo, como se relaciona com sua história pessoal e cívica, com as situações e fatos, com as novas ideias e como se comporta diante do que não gosta, é importantíssimo. E era a tudo isto, junto e misturado com suas correntes teóricas fenomenológicas, existenciais e marxistas que o inspiravam, que o fazia acreditar e trabalhar na direção de um objetivo utópico: a “humanização da Pedagogia”. 

Foi por conta dessas ideias e das atitudes que havia tomado para modificar os conteúdos escolares, que Paulo Freire foi preso e, 7 meses depois, exilado, pouco depois do Regime Militar ser instalado, em abril de 1964.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

PAULO FREIRE e seus FEITOS NA EDUCAÇÃO

Paulo Reglus Neves Freire, mais conhecido como Paulo Freire, pernambucano de Recife, nascido entre os de classe média, mas que vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, que de certa forma nortearia sua vida, seu trabalho de escritor e a sua preocupação com os mais pobres.


Paulo Freire era advogado, mas nunca exerceu a profissão. Dedicou-se ao estudo da filosofia da linguagem e optou por ser professor. Escreveu livros, desenvolveu um método de alfabetização que fazia seus alunos lerem em 45 dias, mas que influenciou pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos no Brasil, na Europa e na África. Mas, principalmente, foi militante de partidos de esquerda, como por exemplo, o PT. 

Em 1946, Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no  onde iniciou o trabalho Estado de Pernambuco com analfabetos (adultos e pobres).

Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano, realizou junto com sua equipe, as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do “MÉTODO PAULO FREIRE" e publicado em 1963, como consta de documentos históricos. 

Em 1964, alguns meses após ter iniciado a implantação do Plano nacional de Alfabetização, ocorre o Regime Militar. Freire foi preso como traidor da Pátria por 70 dias. Passado esse tempo, Freire foi exilado para a Bolívia. No Chile, trabalhou para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e Alimentação, por 5 anos.

Em 1967, ainda durante o exílio no Chile, publicou seu primeiro livro “EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE”. Para escrevê-lo, Freire se baseou fundamentalmente na tese “Educação e Atualidade Brasileira” (de sua autoria) com a qual havia concorrido a uma vaga na cadeira de História e Filosofia da Educação, na Escola de Belas Artes, na Universidade Federal do Recife. 

Em 1968, concluiu sua segunda obra, “PEDAGOGIA DO OPRIMIDO” (sua obra mais famosa e publicada em espanhol (1968), inglês (1970) e hebraico (1981).

Em 1969, é convidado para ser professor visitante na Universidade Harvard.

A divergência política entre o socialismo cristão de Freire e o Regime Militar, o livro “Pedagogia do Oprimido” não podia ser publicado no Brasil. 

Freire que vivia em Cambridge (Reino Unido), muda-se para Genebra (Suiça) para trabalhar como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. E também atuou como consultor em reforma educacional nas colônias portuguesas na África (Guiné-Bissau e Moçambique especialmente).

Enquanto vivia na Europa, recebeu vários prêmios e títulos de Doutro Honoris Causa de Universidades Europeias e Americanas. 

Em 1979, Freire pôde voltar ao Brasil, mas só o fez de fato em 1980. É quando ele se filia ao Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, atuando como supervisor no programa do partido. 

De 1980 a 1986, Freire se dedicou ao trabalho de “Alfabetização de Adultos” por acreditar numa educação popular, com formação de consciência política.

Em 1986, recebeu o prêmio de Educação para a Paz, dado pela UNESCO.

De 1989 a 1991, foi Secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Luíza Erundina. Foi ainda o Presidente da 1ª Diretoria Executiva da Fundação Wilson Pinheiro, hoje da Fundação Perseu Abramo.

Como Secretário da Educação, criou o MOVA (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) que serviu de modelo de programa público para as salas comunitárias da Educação de Jovens e Adultos, adotadas e incentivadas por numerosas prefeituras e instancias governamentais.

Em 1991, é fundado o Instituto Paulo Freire com o objetivo de estender e elaborar as ideias de Freire. O Instituto ainda mantém os arquivos do educador, bem como numerosas atividades relacionadas com o legado de Freire seja em temas educacionais do Brasil e do Mundo

Freire faleceu em maio de 1997, vítima de ataque cardíaco. O Ministério da Justiça, em nome do Estado Brasileiro, conferiu-lhe o perdão post mortem, em 2009. 

Em 13 de abril de 2012, pela Lei nº 12.612, Paulo Freire passou a ser o Patrono da Educação Brasileira.