OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

O SÉCULO XIX (1800 a 1900)




Enfim, chegamos ao século XIX, onde parecia que as coisas iam se modificar de verdade. Ledo engano. Viver no século XIX não foi nada fácil. E viver nas grandes cidades foi muito pior do que se imaginava.


A população cresceu assustadoramente e de forma muito rápida. Em algumas cidades, a população chegou a dobrar em curto espaço de tempo. Em outras, a população chegou a aumentar 5 ou 6 vezes comparando-se ao século anterior. Daí haver uma explosão habitacional, o que trouxe vários problemas a vários setores para os governos, principalmente, nas capitais.


Carros, ônibus, trens ou outros veículos movidos a motores não existiam ainda. O que havia eram carroças puxadas por cavalos. Milhares de carroças eram necessárias para transportar cargas e pessoas de um lugar para outro, próximos ou mais distantes.

E como os cavalos não “pediam para ir ao banheiro”, logicamente, os cavalos as faziam suas necessidades fisiológicas pelos caminhos e ruas das cidades. Imagine milhares de cavalos fazendo suas necessidades (cerca de 10 quilos por dia) pelas ruas de uma cidade. Eram várias toneladas depositadas todos os dias pelas cidades do mundo inteiro. Sendo assim, nem precisamos calcular a sujeira que ficava acumulada numa semana, num mês ou num ano. Literalmente, as cidades (do mundo todo) estavam afogadas nesse estrume todo. E em virtude disso, havia farta proliferação de moscas, carcaças, sujeiras, urina e... doença

lixo nas ruas de Nova York

Jornais do mundo todo faziam estimativas dessa sujeirada toda. O Times londrino previa que, Londres estaria soterrada em mais de 2 metros e meio de estrume, em 1884. Pelos cálculos dos jornais americanos, Nova York teria, em 1850, um acúmulo de estrume que chegaria até ao 3º andar dos edifícios dessa cidade.

Jogando lixo nos rios

Mas este não era o único problema. Não havia saneamento básico (esgoto). Por isso, tudo o que era recolhido (restos de comida, fezes humanas, restos e cadáveres de animais (vacas, porcos, galinhas) incluindo os cavalos e seus dejetos) eram jogados nos rios ou em algum terreno um pouco mais distante. Pode-se afirmar que as grandes cidades do século XIX eram verdadeiros lixões a céu aberto.



Se viver nessas cidades era desagradável, morrer era ainda pior. Alguns cemitérios foram construídos em 1840, porém, eram tão minúsculos que não comportavam a quantidade de pessoas que morriam por causa das doenças provocadas pela sujeira das ruas. Os enterros eram feitos de modo muito displicente. As covas eram rasas e, muitas vezes, os corpos ficavam expostos aos abutres e corvos. 


Quem podia pagar, compravam urnas funerárias (o famoso caixão). O corpo ficava nele até a cerimônia fúnebre terminar. Depois, os corpos eram retirados das urnas, os ossos eram quebrados (ás vezes, o corpo era esquartejado) pera ocuparem os menos espaço. Os caixões eram desmanchados e vendidos aos mais pobres como lenha.

Ir a um sepultamento era triste e desolador. O cheiro do local era insuportável e muitas pessoas chegavam a desmaiar ou iam embora por não suportarem o odor do local.

Com as cidades imundas, haviam muitas doenças. E as epidemias de Cólera, tifo, tosses convulsivas, sarampo, febres reumáticas, varíola e outras, eram constantes e matavam muitos adultos e crianças de todas as idades. Mas também haviam mortes prematuras, instantâneas e banais.



Outro problema crucial que os governos enfrentavam era a falta de escolas. As que haviam eram em número muito reduzido. Em 1870, mais de 75% da população mundial não frequentava a escola. Na Ásia e na África esse número passava de 90%. Assim, apenas uma pequena elite era alfabetizada.

A escola (Quintanilla deTrês Barrios - Espanha)

Mas a maioria da população sonhava com a liberdade e dias melhores através da educação formal. A geniais mentes que fizeram a revolução industrial, científica e institucional fizeram com que o mundo atingisse um patamar que ninguém jamais havia imaginado. Mas o progresso dependia de uma sociedade mais letrada para se instalar, crescer e vencer.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

OUSADIA FEMININA NO SÉC XVIII

Numa época e numa sociedade em que ainda se via a mulher como dependente de um homem (pai ou marido), permanecer solteira era cair em “desgraça”. Tanto que, aos 30 anos, as mulheres eram consideradas “velhas solteironas”.

Se por opção permanecessem solteiras, ou por infortúnio perdiam os pais, tinham que viver com um irmão, se o tivesse. Nessa circunstância, eram consideradas hóspedes indesejáveis e permanentes.

Se não tivessem irmãos, precisavam sobreviver e se manter dignamente, os problemas começavam a aparecer. Sozinhas, procuravam uma ocupação como governantas na casa de alguma família mais abastada ou importante. Mas eram desprezadas e seus salários, irrisórios. Fora isso, ir para um convento, pois nenhuma outra profissão admitia mulheres.
Algumas foram tão ousadas que inspiraram e continuaram inspirando outras mulheres pelo mundo afora. Uma delas foi TEREZA MARGARIDA DA SILVA E ORTA CONCEIÇÃO FLORES, que viveu de 1711 a 1793, nascida na Província de São Paulo de Piratininga, no Brasil Colonial. Era filha de José Ramos da Silva e de Catarina Orta. O pai (Cavaleiro da Ordem de Cristo e de Provedor da Casa da Moeda de Lisboa) e a esposa vieram para o Brasil com a comitiva de S. João VI. E Tereza Margarida nasce em São Paulo, três anos depois da chegada dos pais ao Brasil.

José e Catarina tiveram três filhos. Tereza, Mathias Ayres e uma irmã (cujo nome não é citado). Tereza e a irmã estudaram no Convento das Trinas e queriam ingressar na vida religiosa. Treze anos depois, a Família Real decide voltar para Lisboa e a família de Teresa vai também. 

Em Lisboa, já mocinha, casa-se com Pedro Jansen Moller van Praet e com ele tem 12 filhos. Por falar fluentemente o francês e o italiano, além do português, foi dama da corte de D. João V e de D. José. Aos 42 anos, após a morte do marido, Teresa Margarida é acusada de insubordinação pelo Marques de Pombal, que manda prendê-la por 7 anos, no Mosteiro de Ferreira de Avis.

Durante o tempo que ficou presa, Teresa escreveu poemas, onde colocava toda a sua amargura pela perda de sua liberdade. Mais tarde, escreveu a “Novena do Patriarca São Bento” e “Cartas dedicadas à Abadessa D. Anna Josefa de Castel-Branco”, onde pede à Virgem Maria que a livre da prisão.

Depois de cumprir a pena, Teresa vai morar na casa do Monsenhor e Inquisidor Joaquim Jansen Moller, seu cunhado. Lá escreve seus primeiros livros publicados: “Máximas da Virtude e Formosura de Diófanes” (1752), “Aventuras de Diófanes I” (1777) e“Aventuras de Diófanes II” (1790) ambos como uma releitura da obra de Alexandre de Gusmão. Por fim, “História de Diáfones, Cryminea e Hemirena – príncipes de Tebas” publicado (1818), ou seja, depois de sua morte em 1793. Mas nunca pode ver seu nome verdadeiro em seus livros. Ela usava o pseudônimo: Dorotéia Engrassia Tavareda Dalmira.


O livro “Obras Póstumas”, conta com seus poemas, cartas e apelos à Nossa Senhora, “Novena de São Bento, textos de Rodrigo de Sá e de Barbosa Machado (seus principais críticos) e de Ernesto Ennes, Tristão de Athayde e Rui Bloem (seus escritores preferidos e de quem era amiga). O interessante é que essa obra publicada em 1993, com o verdadeiro nome aparece como autora, exatamente quando se completou 200 anos de sua morte. Com essa obra, foi aclamada “a primeira romancista de Língua Portuguesa” da história da humanidade. 


Outra mulher ousada foi AMANDINE AURORE LUCILE DUPIN, baronesa de Dudavant, que viveu de 1804 a 1876, foi considerada a maior romancista e memorialista francesa. Porém, para que pudesse vender seus livros teve que usar um pseudônimo masculino: George Sand.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

UM MUNDO DE CERTIFICAÇÕES LEGAIS



Embora as Igrejas apregoassem a igualdade entre homens e mulheres no início da nova era, na realidade as coisas continuavam com estavam. Os códigos civis privilegiavam mais os homens do que as mulheres, as sociedades viviam o patriarcado (e viveriam assim por mais alguns séculos) e se nos códigos civis houvesse alguma cláusula que ajudasse as mulheres, normalmente, eram esquecidas. 

RESPONSABIIDADES NO CASAMENTO – estava baseada no princípio de consenso, cabendo ao homem o provimento financeiro da família. Para a mulher: cuidar da casa, do marido e dos filhos, ajudar o marido em tudo o que fosse possível além das obrigações conjugais. Ao dar o “sim” diante do altar, as mulheres assumiam a responsabilidade do que adviesse do casamento. Embora não houvesse lei que regulamentasse a questão dos maus tratos, as mulheres continuavam sendo as vítimas deles. 

A Igreja Protestante foi contra a questão do consenso e pediu explicações claros sobre o significado desse termo. A resposta foi “consenso seria o prazer de marido e mulher estarem juntos”. Daí incluírem nos casamentos a célebre frase que os noivos esperam para jurar que ficarão juntos “...nas alegrias e nas tristezas”... Em outras palavras, significa que nós, mulheres, teríamos que aguentar as dores que aparecessem no casamento, porque também tínhamos prazeres com ele. 

2- COOPERAÇÃO MÚTUA – As famílias se comprometiam a ser cooperadoras no custeio do casamento, da festa, na conservação e ampliação dos bens e na ajuda financeira dos rituais religiosos. 

3- UMA QUESTÃO DE IDADE – as mulheres podiam “escolher” seus maridos. Porém, entre os que fossem apresentados pelos pais e de acordo com seus negócios. Caso a moça casadoura fosse menor de idade (menos que 17 ou 18 anos) devia obediência ao pais e aceitar o marido que ele escolhesse. A justificativa para isso era a da salvaguarda dos bens e dos interesses familiares. 

Com o passar do tempo, as Igrejas foram se tornando cada vez mais burocráticas e misóginas. E para tudo precisava de certificados, atestados e testemunhas. E para que o casamento acontecesse era preciso agir de acordo com as ordens do clero. 

Lembram-se do “tempo de espera” entre o baile e a assinatura do contrato nupcial? Então, assim que a moça encontrasse um pretendente, a família da noiva devia informar a Igreja do futuro casamento. E, esse “tempo” era usado para que o rapaz e a moça preparassem uma série de certificações (documentos) necessárias. 

Se o noivo e noiva fossem nascidos e criados numa única freguesia (ou paróquia), não haviam tantos problemas porque os certificados de batismo eram providenciados pela própria Igreja. Restavam apenas os de filiação, providenciados pelas duas famílias. Porém, se.... 

1- MOÇA DE UM LUGAR E O RAPAZ DE OUTRO - Suponha que o rapaz Se fosse o rapaz a casar na “cidade dela” (digamos assim, para melhor entendimento), bastava pagar o custo de um ritual de casamento em sua cidade. Depois, ele passava pela inquisição e pronto. 

Mas se ele quisesse realizar o casamento religioso na “cidade dele”, a moça deveria apresentar para o clero da “cidade dela e também enviar para a cidade dele” os seguintes documentos: 

· certificado de idade, naturalidade e de filiação (fornecidos pela família); 

· certificado de batismo (feito pelo pároco do local de seu batismo) e, se algum deles não fosse batizado (protestante ou de outra seita qualquer), tinha que ser convertido e batizado antes de casar; 

· o noivo e a noiva deviam passar por uma Inquisição (uma espécie de catecismo) para corrigirem ou adquirirem os princípios da Igreja católica; 

· atestado da freguesia (região) onde moravam e frequentavam (fornecido de próprio punho pelos pais ou pelo padre do local). 

· depois de entregues os documentos, as duas dioceses iriam analisar os documentos (e sempre achavam um errinho aqui e outro ali) e os noivos tinham que refazer tudo novamente. 

Se estivesse tudo certo, as duas dioceses iriam se encontrar e decidir a validade ou não do casamento ser em uma cidade ou na outra. Nessa discussão, o preço da cerimônia entrava em questão, pois cada uma por sua vez, queria o dinheiro para si. Depois de muito debaterem, chegavam a conclusão de que podiam dividir o dinheiro. Então o casamento era realizado. 


2- CASAMENTO DE 2ªs NÚPCIAS - 

SE A MILHER TIVESSE MORRIDO - bastava o marido levar duas testemunhas que conhecessem a mulher morta e que tinham estado e visto seu enterro e pronto. 

Porém, se o morto fosse o marido, as coisas pioravam pelas dificuldades que elas enfrentavam. Vejamos: 

1- SE A MORTE FOSSE NO LOCAL ONDE VIVIAM - a) não bastava mostrar o túmulo, precisavam apresentar testemunhas que o conhecessem e que estiveram no momento do enterro para comprovar a veracidade; b) a Igreja fazia penosas e longas investigações nas sepulturas, para ter a certeza da morte do marido; c) conseguir a certidão do casamento (muitas vezes, difícil, por ter que viajar para o local (cidade ou pais) onde se casaram); e todos os outros documentos descritos anteriormente. 

2- SE O MARIDO MORRESSE FORA DA REGIÃO ONDE VIVIAM – Se ele fosse um mercador, soldado, marinheiro era muito difícil conseguir testemunhas de sua morte. Como provar sua morte então? Levava muitos anos e até que ele fosse dado como morto pelas autoridades eclesiásticas, só então o casamento poderia ser realizado. Além dessa declaração, todos os demais documentos teriam que ser entregues. 

3- SE O CASAMENTO FOSSE REALIZADO ÀS ESCONDIDAS – Se o casamento fosse realizado em alguma seita ou em capelas (da Companhia de Jesus, por exemplo) não tinham direito a receber uma certidão. Nesse caso, os casamentos eram considerados nulos.

4- SE O CASAMENTO ENVOLVESSE PARENTES e se esses parentes fossem até a 7ª geração, o casamento era considerado nulo pelas duas Igrejas. Porém, se o parentesco fosse de 8ª ou mais gerações, era considerado válido.

5- CASAMENTOS SEM BANHO -  O batismo era chamado de “banho”. Dessa forma, se o noivo ou a noiva não tivessem sido batizados, precisavam batizar-se primeiro, para depois se casarem. Caso contrário, o casamento seria considerado sem valor. Ou, se um dos noivos estivesse hospitalizado com uma doença grave e que o levasse ao óbito, se estivesse preso por qualquer crime, o “banho” ou batismo era dispensado e o casamento era realizado.

O custo de toda esta burocracia ficava a cargo da noiva e de sua família. E a maioria das famílias pobres não tinha como pagá-los. E tudo ficava por isso mesmo. Algumas, presas aos maridos brutais para sempre e outras, vivendo na miséria por não conseguir reaver o dote do casamento.


Já para os homens, tudo era mais simples. Bastava provar (muitas vezes, forjando provas) a infidelidade da esposa para obter a anulação ou usar o “dote” com bem entendesse.