OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

SOBRE A IMUTABILIDADE DA PERSONALIDADE

No final da postagem anterior, afirmei que a personalidade não muda. Isto suscitou muita curiosidade e dúvida.  Pois é, disse a vocês que não era um assunto de fácil entendimento. Mas, vamos lá. Para melhor entendimento, tomo como exemplo um bloco de argila.

Quem já trabalhou com esse material sabe que é preciso preparar o barro antes de tentar moldar alguma coisa. Por isso a amaciamos bem. Assim também é a nossa personalidade. A infância é um tempo de preparo. Por isso, segundo a Psicologia Analítica (de Carl Gustav Jung) a personalidade não existe do nascimento até mais ou menos 7 anos.

Nesse tempo de preparação, a criança precisa: se ver como pessoa, saber que está neste mundo, tomar conhecimento de que está rodeada de pessoas, que precisa se relacionar com elas. Essa preparação se dá pela observação e imitação dos adultos à sua volta. Daí a importância da educação familiar.


Voltemos a argila. Durante o amaciamento do barro podemos encontrar algumas pedrinhas. Precisamos retirá-las para que a peça a ser construída fique perfeita. Jung já dizia que as crianças serão, no futuro, o que os pais ensinaram neste período de preparação.

Sabem quando fazemos uma coisa e, lá do fundo dos nossos pensamentos (consciência), vem uma voz (que lembra a de nossa mãe) dizendo que deveríamos fazer de outro modo? Essas vozes interiores nada mais são do que as regras e valores implantados no seio familiar por meio da educação recebida.

Observando-se o comportamento das crianças, podemos notar que alguns comportamentos devem ser retirados e, outros, devem ser cultivados e incentivados. Daí a importância das regras, dos limites e dos valores, sociais, pois são eles que nortearão a vida, os relacionamentos e os comportamentos futuros.

Quando a educação familiar é muito rigorosa, essas vozes são mais fortes e mais presentes em tudo o que fazemos e, muitas vezes, causam impedimentos. Se, ao contrário, a educação for muito liberal, sem regras e sem valores morais claros, essas vozes quase não existem, são fracas e pouco frequentes e, na maioria das vezes, dão vazão a comportamentos instintivos.


A argila já está amaciada e pronta. A argila ainda está sem forma e começamos a modelar. É, portanto, tempo de construir.  Uma construção que não deve ser apressada, bem escolhida e muito observada em todos os detalhes. Um deslize pequeno ou grande pode comprometer o resultado final.

A partir dos 7 anos, cada um de nós começa a construir a sua personalidade com base no modo como foi preparado (aprendizagens). E, dependendo desses ensinamentos e aprendizagens, vamos construindo lenta e cuidadosamente com o que foi consolidado durante a infância. Leva-se, portanto, de 8 a 10 anos nesse processo de construção.

Durante esse tempo, chamamos de “tendências” e não de personalidade. E como tudo na vida se dá por meio de processos, muita coisa pode ter arestas aparadas, substituídas ou agregadas por meio de novas aprendizagens. E isto acontece por meio da pressão social, que é grande e implacável.

Todos os comportamentos humanos são passíveis de consequências. Comportamentos positivos têm como consequência a aceitação e a valorização. Comportamentos negativos têm sanções e repressões como consequência. E, por isso mesmo, as pressões sociais causam dor e sofrimento. Evitá-los é prorrogativa de cada um.

A dor e sofrimento tem como finalidade abreviar o tempo de tomada de consciência (conhecimento) dos comportamentos negativos ou não aceitos socialmente. Mas, depende de cada um querer ou não, influenciado por agentes psicológicos como a carga emocional, os complexos, egos inflados presentes no momento de uma situação. Por exemplo: se bato a cabeça na parede sinto dor e sofro. Continuar batendo ou parar depende de minha vontade ou do meu objetivo.


Voltando a argila, a peça foi modelada. Precisou de alguns ajustes, mas, agora, começa o tempo de secagem. Um tempo variável, pois depende das condições do tempo ou do meu forno. E depois de seca, não dá mais para voltar a trás. Já não a chamamos mais de argila, mas de escultura, panela, vaso ou o que eu tiver feito dela. E ficará dessa forma até que se quebre. Mas, ainda se pode dar um polimento.

Assim, também acontece com nossas tendências. Aos poucos, (mais ou menos de 3 a 5 anos) vai se consolidando (secando) e, depois de seca, não mudança mais. Ficará assim até a morte. Da mesma forma, nossa personalidade também pode ter alguns polimentos. 

E os estudos de casos comprovam isso. Exemplifico: Um sujeito que na infância não teve sua agressividade coibida, conservada na adolescência e consolidada na juventude, ainda pode alterar (polir) seu comportamento. Digo “comportamento” e não personalidade.

Diante de uma situação qualquer que lhe é desfavorável, esse sujeito pode se valer de uma estratégia social: o controle consciente. Exemplifico: Diante de uma bronca do chefe no trabalho, ele pode vontade de voar no pescoço do outro (personalidade agressiva), mas por depender do salário para seu sustento pessoal e familiar, não o faz. Se controla assumindo um comportamento passivo. Ouve a bronca calado, mas assim que possível, extravasa chutando a primeira lata de lixo que encontra. É o famoso “engolir sapos”. Percebam que a personalidade agressiva continua lá, mas mudou o comportamento no momento crucial, como se vestisse uma camuflagem de bonzinho e passivo para livrar-se de uma consequência desastrosa.

Espero que tenha ficado claro, agora.

2 comentários:

  1. Muito bom mesmo, esclarecedor também. Você é genial!
    Então, a natureza ruim está lá na pessoa a tendência para o mal, mas pode ser transformada pelas interferências. Concluo que Deus pode ser a interferência para neutralizar o que mau no homem e deixar que ele manifeste conduta virtuosa, louvável.
    Fantástico!

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  2. Sim, lá na essência de todos os humanos, habitam o bem e o mal que podem conviver harmonicamente ou não. Quando o mal sobrepuja o bem, somos terríveis. Mas, quando o contrário acontece, não somos bonzinhos sempre. Ás vezes, explodimos com veemência o que chamamos de "perder a paciência". Cedemos ao mal, só um pouco,para que ele possa descarregar energias acumuladas e em seguida, voltamos ao nosso estágio anterior. Deus, religião, controle e pressão social, regras, limites e valores nos auxiliam a manter o bem e mal em equilíbrio. Somos seres duais, ou seja, estamos sempre escolhendo entre duas alternativas: gosto e não gosto, faço ou não faço tal coisa, compro ou não compro etc.. Sempre escolhendo o que o melhor em cada momento e em cada situação. bjs.

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