Antes
de falarmos do transtorno em si é preciso refletir um pouco sobre o que é
dependência, como e porque se forma e quando se torna um transtorno.
Segundo
os dicionários, o termo dependência significa “estar subordinado ou sujeito a outra pessoa”. Seu antônimo é “independência, autonomia, emancipação,
autossuficiência”.
No
início da vida e do desenvolvimento, todo ser humano passa por períodos de
dependência. Após o nascimento, o bebê é totalmente dependente. Precisa dos
adultos para que se alimente, para a higiene, para as trocas de fraldas, para
um carinho ao adormecer e para que o levem de um lugar para outro.
Passados
alguns meses, o bebê se vira no berço saindo da posição colocada pelos adultos.
Este simples movimento nos mostra que a autonomia é inata nos seres humanos.
Realizar coisas sozinho é sinal de que se desenvolvimento bem e de adquiriu uma
certa maturidade.
Um
pouco mais adiante, senta, engatinha, fica em pé e anda. Os adultos esperam ansiosos
por estes momentos e, mesmo antes dessas conquistas, já nos estimulam bastante.
Mas quando acontecem de fato, é uma festa com direito a beijos, abraços e muitos
elogios.
Andar
significa que a criança ganha autonomia para ir e vir dentro de um determinado
espaço. E a partir daí, quantas coisas descobrem, experimentam e conhecem. Mas,
andar é uma etapa. Muitas outras virão.
Em
determinado momento, a criança deseja experimentar comer sozinha. Sem muita
habilidade para levar a comida à boca, suja tudo a sua volta. E para evitar
tanta sujeira, a mãe decide que é melhor continuar alimentando-a. Dessa forma,
garante que a criança se alimente adequadamente, evita desperdício do alimento
e trabalho redobrado. A criança chora, recusa a comida, faz birras. Mas, ainda tenta
outras vezes. Diante do firme propósito materno de continuar alimentando-a, a
criança cede.
Seguem-se
outras situações para treino de habilidades e de aprendizado da autonomia ao
longo do seu desenvolvimento e crescimento e, novamente, os impedimentos
acontecem. O medo de que se machuquem, de que aconteça algo de ruim, a demora
em realizar as tarefas que poderiam ser feitos rapidamente pelos adultos
motivam esses impedimentos. As justificativas são as mais variadas: amor e
proteção asseguram o topo da extensa lista de justificativas.
E
assim, a cada novo impedimento a criança vai aumentando, renovando e
reafirmando a sensação de ser incapaz de
realizar coisas e tarefas sem a ajuda ou a supervisão de outra(s) pessoa(s). Mas,
a natureza é sábia e garante a ela aprendizagens básicas para sua sobrevivência
física e mental.
E
ela cresce levando dentro de si a certeza de uma “incapacidade” que não é real,
mas imposta pelos adultos. Seguem paralelamente sentimentos de pouca valia e de
frustração intensa, medo de tudo o que é (ou acredita ser) novidade, ausência de
iniciativas pessoais, sentimentos de insatisfação e de tristeza (muitas vezes,
confundida com timidez) e submissão.
Na
idade escolar encontram dificuldade em quase todas as disciplinas. Não entendem
bem as regras e não se esforçam. Adoram fazer apenas o que é fácil. Ficam paralisadas
ou evitam o que julgam ser difícil. Apresentam grande dificuldade em resolver
problemas simples e práticos ou dos que exigem um raciocínio mais complexo. Não
perguntam, não tiram dúvidas, evitam expor seus pensamento por sentirem-se envergonhadas.
Apresentam dificuldade de manter a atenção e a concentração, acham que podem
memorizar sem realizar os trabalhos e desconhecem qualquer tipo de esforço. Desconhecem
o que seja responsabilidade.
Também
são inadequadas socialmente. Apresentam dificuldade
de relacionamento, adaptação aos grupos que se formam e isolamento voluntário. Não
sabem se colocar no lugar do outro ou reconhecer os sacrifícios que fazem, as dores
ou incômodos que sentem. Acreditam que os adultos existem para servi-las, ampará-las
e protegê-las. Quando isto não acontece, ficam tristes e infelizes porque não
se sentem amados.
Estas
crianças foram e continuam sendo vítimas de um tipo educacional equivocado. Porém,
tudo pode ser revertido desde que os adultos mudem seu comportamento para com
ela. Mas, a reabilitação não é simples nem rápida.
Muitas
vezes, esta situação perdura durante a puberdade e a adolescência. Mas, este é
assunto para a próxima postagem.
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